"Monedero não se pode esconder atrás do Podemos, nem o Podemos atrás de Monedero", considerou hoje o porta-voz do PSOE no Congresso dos deputados (parlamento), Antonio Hernando.

Juan Carlos Monedero está a ser investigado pela Agência Tributária espanhola por ter recebido 425.150 euros em finais de 2013 - numa transferência para a sua conta pessoal - para pagar um trabalho de consultoria política realizado para um organismo supranacional formado por países como a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Honduras, Equador e Bolívia.

A questão é que, um dia depois, Monedero transferiu esse dinheiro para a conta de uma empresa que tinha criado pouco antes, a Caja de Resistencia Motiva 2. A empresa pagou menos impostos (menos cerca de 130 mil euros) do que o próprio pagaria se declarasse como rendimento individual.

"Creio que temos de exigir ao Podemos o mesmo que é exigido a todos nós: dar explicações e prestar contas sobre o financiamento e sobre as contas que possam gerar dúvidas", disse Hernando numa conferência de imprensa no parlamento.

O Podemos, que sempre negou que Monedero estivesse em falta ou tivesse cometido qualquer irregularidade, assumiu depois o erro, ao revelar que o seu "número 3" tinha entregado às Finanças uma "declaração complementar" no valor de 200 mil euros. No entanto, reafirma que a atuação de Monedero foi "legal e ética", rejeitando a sua demissão.

Hernando insistiu que o partido de Pablo Iglesias deve dar "explicações sobre se esse dinheiro serviu (todo ou em parte) para o financiamento" do partido. Quanto às responsabilidades fiscais de Monedero, Hernando disse que "já está demonstrado o incumprimento".

Também o porta-voz do PP (no poder), Rafael Hernando, instou hoje Pablo Iglesias a dar explicações sobre as contas de Monedero, para clarificar que não se trata de um "gravíssimo caso" de financiamento ilegal de um partido político.

"O senhor Iglesias não consegue tapar este tipo de vergonhas", declarou Rafael Hernando, acusando os dirigentes do Podemos de se arvorarem em "Torquemadas da decência". "Mas no fundo apenas encobrem a indecência", criticou.

Rafael Hernando insistiu que "desde 2007 que é ilegal receber financiamento partidário a partir de um país estrangeiro".

Juan Carlos Monedero, fundador e número três da hierarquia do Podemos, não presta declarações à imprensa há quase duas semanas. Na segunda-feira, divulgou extratos bancários (sem movimentos recentes) nos quais se podia ler que as suas contas têm cerca de 200 mil euros. O jornal El Mundo diz que Monedero tem quase 700 mil euros em contas suas e das suas empresas e investidos em fundos.