Papa apela aos mafiosos que se convertam
O papa Francisco, de visita a Nápoles (Itália), terra da camorra, exortou os mafiosos "a se converterem" e pediu aos jovens que resistam "com firmeza contra as organizações" criminosas.
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Mundo Nápoles
Na homilia de uma missa, perante milhares de fiéis na Piazza del Plebiscito, Francisco pediu aos napolitanos que não deixem que lhes roubem a esperança e não cedam à tentação do dinheiro fácil e desonesto, porque "isso é pão para hoje mas fome para amanhã".
"Isso não traz nada de bom. Reajam com firmeza contra as organizações que exploram e corrompem os jovens, os pobres e os débeis, com o cínico tráfico de droga e outros crimes", acrescentou.
Dirigindo-se, sem os nomear, aos mafiosos da camorra, o papa pediu-lhes "que se convertam ao amor e à justiça".
"Aos criminosos e a todos os seus cúmplices, hoje, com humildade e como irmão, lhes peço: convertei-vos, deixai-vos invadir pelo amor e pela justiça, pela misericórdia de Deus. Sede conscientes de que Deus está à vossa procura para abraçar-vos, para amar-vos, para perdoar-vos", disse.
Francisco sublinhou ainda que "é possível regressar a uma vida honesta".
"São as mães em lágrimas que o pedem nas igrejas de Nápoles. (...) Que estas lágrimas derretam a dureza dos corações e levem a todos ao caminho do bem", acrescentou.
O Papa iniciou hoje uma viagem pela região da Campânia, onde visitou o santuário de Pompeia e também o bairro de Scampia, conhecido pela sua relação com a máfia napolitana.
Em Scampia, durante um discurso perante dezenas de milhares de pessoas, Francisco pronunciou um dos seus discursos mais severos ao afirmar que "a corrupção é suja", que "uma sociedade corrupta fede" e que quem permite a corrupção também tresanda.
"Quanta corrupção há no mundo. (...) A corrupção é suja e a sociedade corrupta fede. Um cidadão que deixa que o invada a corrupção não é cristão. Tresanda", afirmou Jorge Bergoglio, acrescentando que "todos nós temos o potencial de ser corruptos e de escorregarmos para a criminalidade".
Em Nápoles, o papa criticou ainda o desemprego estrutural dos jovens, considerou que o trabalho precário, muito difundido na economia paralela napolitana, é um trabalho "escravo" e pediu ainda o reconhecimento para os imigrantes que afluem a Nápoles vindos de áfrica e da Ásia
"Eles são cidadãos. Não são cidadãos de segunda. Nós também somos migrantes, filhos de Deus, sobre o caminho da vida. Ninguém tem um domicílio fixo nesta terra", insistiu.
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