"Tens razão no que dizes, mas vamos triturar-te de qualquer maneira"
O ex-ministro das finanças grego deu uma entrevista ao NewsStatesman, onde fez um balanço sobre os seus cinco meses enquanto ministro das finanças.
© Reuters
Mundo Varoufakis
Yanis Varoufakis disse sentir-se "no topo do mundo" por já não ter de "tentar negociar uma posição" na qual "não acredita".
Quando questionado sobre aquilo que encontrou nas reuniões do Eurogrupo, o ex-ministro das finanças grego afirma que as reuniões "confirmaram os seus piores pesadelos", referindo-se a uma "inteira falta de escrúpulos por parte de pessoas que supostamente são defensoras da democracia europeia", e de "figuras importantes" que deixavam clara a ideia: "Tens razão naquilo que dizes, mas vamos tritutar-te de qualquer das formas".
O académico grego explicou que, quando tentava apresentar um argumento económico aos seus homólogos europeus, era como se "não tivesse dito nada", porque no final acabavam por se "cingir ao protocolo oficial".
Defendendo-se quanto às falhas nas negociações, Varoufakis relata que não houve reciprocidade do lado europeu: "Expões um argumento no qual trabalhaste durante dias e dias, para o tornar válido e logicamente coerente, mas aquilo que recebes são olhares fixos. É como se não tivesses dito nada. Podias cantar o hino sueco e não havia diferenças nas reacções", contou.
O antigo 'braço direito' de Tsipras adianta ainda que as negociações teriam sido possíveis, se a prioridade sobre os protocolos estipulados não se tivessem sobreposto, referindo-se à posição de Wolfgang Schäuble, que foi "consistente desde o início". "O seu ponto de vista era: 'não vou negociar sobre o programa, foi aceite pelo Governo anterior e não vamos deixar que as eleições mudem nada'", lembrou o economista grego.
Foram ainda lançadas algumas acusações a outros líderes de países endividados, como é o caso de Portugal, que Varoufakis considera terem tomado uma posição de "inimigos energéticos", por temerem que o governo de Tsipras conseguisse um melhor acordo, o que traria "consequências políticas" para os seus partidos.
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