Isabel II ultrapassa trisavó e torna-se monarca com mais longo reinado
A rainha Isabel II torna-se na quarta-feira a monarca com o reinado mais longo da história britânica, apesar da ausência de celebrações oficiais para marcar o acontecimento.
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Mundo Rainha
Pelo contrário, será um dia normal - "business as usual" - para a soberana de 89 anos: na quarta-feira tem marcada uma sóbria inauguração de uma nova linha ferroviária na Escócia, sem estar prevista qualquer parada ou multidões.
O resto do dia será passado no castelo de Balmoral, a residência de Verão, sempre na companhia do marido, príncipe Filipe, de 94 anos, também ele detentor do recorde de consorte mais velho e com a mais longa permanência em funções.
Para Isabel II, o recorde do mais longo reinado britânico será alcançado pelas 17:30 horas de 09 de setembro, quando forem ultrapassados os 63 anos e 216 dias - ou, para se ser mais preciso, 23.226 dias, 16 horas e cerca de 30 minutos - que a trisavó, rainha Victoria, permaneceu no trono até à morte, a 22 de janeiro de 1901.
Apesar do detalhe, a hora é apenas uma estimativa, pois é difícil saber o momento exato em que herdou a coroa do pai, o rei Jorge VI, morto durante o sono a 06 de fevereiro de 1952.
Nascida a 21 de abril de 1926, "Lilibet", como era chamada na infância, ascendeu ao trono por acaso.
Após apenas 325 dias no poder, o tio Eduardo VIII abdicou em 1936 para casar com Wallis Simpson, uma americana divorciada, deixando a coroa ao irmão, que se tornou rei Jorge VI, colocando no topo da linha de sucessores a primogénita, Isabel, que então ainda era uma criança.
Casou-se em 1947 com Filipe, com quem teve ao todo quatro filhos (Carlos, Ana, André e Eduardo) e cinco anos depois tornou-se rainha devido à morte prematura do pai aos 56 anos.
Assistiu à reconstrução do país após a Segunda Guerra Mundial e aos choques financeiros dos anos 1970 e 1980 e à violência e acordo de paz do conflito na Irlanda do Norte.
Testemunhou e sentiu os efeitos da transformação da sociedade, nomeadamente da vida familiar: em 1992, os filhos Carlos e André e a princesa Ana divorciaram-se, levando a monarca a apelidar aquele de "annus horribilis".
O ano de 1997 terá sido o período mais difícil do reinado devido às circunstâncias da morte da princesa Diana num desastre de automóvel em Paris, que culminou uma série de escândalos ligados à família real, mas a rainha soube recuperar a estima dos britânicos nos anos que se seguiram.
As celebrações do Jubileu de Diamante, em 2012, quando comemorou os 60 anos de reinado, confirmaram que a sua popularidade junto dos súbditos, cuja larga maioria aprova o seu papel de chefe de Estado.
As funções de um monarca britânico são sobretudo formais: nomeia o primeiro-ministro de acordo com o resultado das eleições, lê todos os anos o programa do governo no dia de abertura do Parlamento, assina as leis e preside à Commonwealth, a organização dos países anglófonos.
Recentemente, a idade avançada fê-la ceder a representação em visitas e cerimónias oficiais no estrangeiro aos filhos e netos.
Recatada na vida privada, a sua personalidade é descrita pelo neto príncipe William como "bondosa e com sentido de humor, um sentido inato de calma e visão e um amor pela família e lar", num prefácio a uma biografia escrita pelo antigo ministro Douglas Hurd.
Acima da longevidade, Isabel II tem sabido manter ao longo dos anos uma dignidade que conquistou o respeito de todos, garante o historiador David Starkey: "Tem uma reputação de integridade inquestionável".
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