Peregrinos criticam organização da peregrinação a Meca
Vários peregrinos criticaram hoje as falhas da organização da peregrinação a Meca, depois da tragédia de quinta-feira em que morreram mais de 700 pessoas na cidade santa muçulmana.
© Reuters
Mundo Falha
As autoridades sauditas prometeram um inquérito "rápido e transparente" e o rei Salman ordenou "uma reavaliação" da organização da peregrinação anual a Meca, ou 'hajj'.
No primeiro dia do ritual de lapidação, perto de Meca, pelo menos 717 pessoas morreram e 863 ficaram feridas nos incidentes provocados pela aglomeração e entrada maciça de peregrinos em Meca, na pior tragédia dos últimos 25 anos.
A multidão era hoje menos compacta que na véspera, mas vários peregrinos afirmaram ter medo de continuar a peregrinação.
O egípcio Mohammed Hassan, de 39 anos, disse recear um novo movimento de pânico e criticou a má gestão dos cerca de dois milhões de peregrinos, concentrados em Mina, a poucos quilómetros de Meca.
"A Arábia Saudita gasta muito dinheiro com o 'hajj' mas a organização é pouco eficaz", declarou Ahmed, um outro peregrino egípcio, considerando que o fluxo de fiéis em Mina, uma cidade de tendas brancas, devia ser mais bem gerido.
"Eles (os organizadores) podiam reservar uma estrada para os fiéis que partem e outra para os que regressam" para o ritual de lapidação, acrescentou.
"As pessoas tropeçavam, caiam, tentavam levantar-se (...) e morriam à nossa frente", contou Zaid Bayat, um empresário sul-africano, citado pela agência noticiosa ANA.
"Não havia margem de manobra" no local, declarou Amin Abubakar, um jornalista da agência noticiosa francesa AFP que cumpria a peregrinação e que sobriveu por estar na frente da procissão.
Hoje, a multidão é menos numerosa e "há mais controlos" no local da lapidação, uma ponte de cinco níveis onde se encontram destacados dezenas de polícias, disse.
Apesar da tragédia da véspera, os fiéis, preocupados em concluir o 'hajj', cumpriam o ritual de lapidação: lançar pequenas pedras em direção a três colunas, que simbolizam o diabo, de acordo com a tradição muçulmana.
O 'hajj' foi particularmente mortífero este ano. Pelo menos 109 pessoas morreram e cerca de 400 ficaram feridas, a 11 de setembro, quando uma grua caiu sobre a Grande Mesquita de Meca.
O Irão, que lamentou a morte de 131 peregrinos na quinta-feira, denunciou as falhas no sistema de segurança criado pela Arábia Saudita, o seu rival regional.
A partir de Nova Iorque, onde vai participar na assembleia-geral da ONU, o presidente iraniano, Hassan Rohani, pediu ao "governo saudita para reconhecer a sua responsabilidade" na tragédia.
Na oração semanal em Meca, o imã da Grande Mesquita, xeque Saleh al-Taleb, afirmou que o reino saudita "é capaz de gerir as questões do 'hajj' sem ajudas".
Riade ainda não divulgou a nacionalidade das vítimas da tragédia, mas alguns governos ou os 'media' estatais anunciaram o número de peregrinos mortos.
Além das 131 vítimas iranianas, morreram 14 da Índia, oito do Egito, sete do Paquistão, cinco do Senegal, três da Argélia, três da Indonésia, 87 - de acordo com a imprensa - de Marrocos, três do Quénia e um da Holanda. Dezoito turcos e um cidadão de Omã foram dados como desaparecidos.
O 'hajj' é um dos cinco pilares do Islão, que todo o fiel deve cumprir pelo menos uma vez na vida, se possuir meios. Ao todo, 1.952.817 peregrinos, incluindo 1,4 milhões vindos do estrangeiro, participam na peregrinação deste ano, cujos rituais terminam no sábado.
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