Talibãs afegãos ocupam "metade" da estratégica cidade de Kunduz
Os rebeldes talibãs controlam "metade" da grande cidade de Kunduz, encruzilhada estratégica no norte do Afeganistão, no âmbito da ofensiva que desencadearam na madrugada de hoje, anunciou um porta-voz da polícia local.
© Reuters
Mundo Rebeldes
Pela primeira vez desde a queda do seu regime em 2001, os talibãs conseguem protagonizar um avanço militar de grande dimensão numa das maiores cidades afegãs, infligindo um duro revés ao governo, que ao início da tarde tentava travar o avanço das forças rebeldes.
As autoridades de Cabul anunciaram o envio de reforços militares para a cidade com o objetivo de desalojar as forças talibãs, que ocuparam diversos edifícios governamentais num ataque que aponta para 35 mortos e 54 feridos segundo um primeiro balanço provisório.
O porta-voz do Ministério do Interior afegão, Sediq Sediqi, indicou em conferência de imprensa que foi delineado um plano para retomar a cidade e que o Governo espera "despejar" os insurgentes durante a tarde de hoje ou nas próximas 24 horas.
"Continuamos a enfrentar problemas em duas das sete zonas, e esperamos repelir os insurgentes da cidade no final do dia ou pelo menos nas próximas 24 horas", indicou.
Explicou ainda que "as forças de segurança possuíam informação prévia sobre o ataque talibã".
"Por esse motivo evitámos que os talibãs alcançassem os seus objetivos, porque tinham planeado atacar a prisão de Kunduz, a esquadra central da polícia e outros objetivos", disse.
A mesma fonte informou que 25 talibãs e dois membros das forças de segurança foram mortos, para além de quatro civis, e perto de 50 ficaram feridas em ataques de morteiro.
Um porta-voz das forças de segurança afegãs que pediu o anonimato disse à agência noticiosa Efe que pelos membros seis membros das forças de segurança foram mortas e que também ocorreram vítimas civis.
Por sua vez, outra fonte do Ministério do Interior assegurou, também sob anonimato, que cerca de 600 reclusos da prisão de Kunduz, incluindo presos talibãs, foram libertados.
O ataque iniciou-se às 03h00 locais (meia-noite em Lisboa), em três partes distintas da capital da província de Kunduz, das regiões mais povoadas e desenvolvidas do país asiático.
Os rebeldes utilizaram como escudos diversas habitações e "prosseguem os combates pra recuperar algumas zonas" ocupadas, precisou outro porta-voz policial, Sayed Sarwar Hussaini.
Os talibãs terão erguido uma bandeira branca na praça central de Kunduz, ainda de acordo com um responsável local citado pela agência noticiosa AFP e que recusou identificar-se.
Já o porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, informou através da rede social Twitter que os atacantes controlam várias zonas da cidade e pediu à população que permaneça em suas casas até que terminem os combates.
Este ataque é o segundo a Kunduz desde o início da ofensiva em abril da designada "campanha da primavera", em que os talibãs conseguiram capturar dez distritos no norte do Afeganistão, apesar de sete terem sido recuperados pelas forças fiéis a Cabul.
Em abril, e nesta cidade, os insurgentes apoderaram-se apenas da zona de Gul Tepa antes de serem expulsos pelo exército.
Kunduz está situada numa zona estratégica para as comunicações entre o centro e o norte do país, e para o comércio com o vizinho Tadjiquistão.
A província possui cerca de um milhão de habitantes, cerca de um terço residentes na capital, e tem sido das mais flageladas pelas forças talibãs desde o início da sua ofensiva na primavera.
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