Presidente da Nigéria criticado por apatia face à crise económica
O Presidente da Nigéria está novamente debaixo de críticas da oposição e analistas pela sua alegada falta de reação à crise petrolífera, que afetou significativamente as finanças públicas e disparou a inflação para quase 10%.
© Reuters
Mundo Muhammadu Buhari
"Os investidores não estão confiantes porque não sentem que a situação vai melhorar", sintetizou o analista da Rand Merchant Bank África Nema Ramkhelawan-Bhana em declarações à AFP, nas quais precisa que "o pior cenário possível é a paralisia, como vimos nas ações do banco central e na política cambial".
A Nigéria é a maior economia africana e o maior produtor de petróleo da África subsaariana, mas enfrenta uma crise económica que resulta da descida do preço das matérias-primas e da consequente diminuição drástica das receitas fiscais.
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, demorou quase seis meses para nomear um Governo na sequência da sua eleição, no ano passado, e os opositores acusam-no de não estar preparado para abandonar a alcunha de 'Baba Go Slow' que os detratores usam para o descrever.
A preparação do Orçamento esteve envolta em polémica devido aos erros que o documento continha, segundo uma Organização Não Governamental local, que afirmou que havia despesas que eram contabilizadas mais de 20 vezes, o que foi encarado com um sinónimo de corrupção.
Segundo o co-fundador da BudgIT Oluseun Onigbinde, uma organização nigeriana que trabalha há vários anos reclamando mais transparência na ação pública, há várias despesas de veículos, computadores e móveis que aparecem 24 vezes no orçamento, totalizando 46,5 mil milhões de nairas, a moeda local, num orçamento que tem uma despesa total que ultrapassar os seis biliões.
A despesa, mesmo em contexto de crise e com as matérias-primas a valerem menos 75% do que há um ano e meio, aumenta 20%, em parte financiada por empréstimos, que aliás arriscam subir perigosamente o nível de endividamento do país, à semelhança do que acontece em vários países africanos produtores de matérias-primas, nomeadamente petróleo.
"Os nigerianos atravessam um período de crise, o preço do petróleo caiu para menos de 30 dólares por barril, de modo que o orçamento devia estar mais em consonância com estes tempos", comentou o ativista político.
Como noutros países africanos, também a moeda local tem estado a sofrer um processo de desvalorização, tendo resvalado de 250 nairas por dólar para mais de 360 nas últimas semanas, mas mesmo assim o Governo escolheu não seguir a recomendação de descida da taxa oficial de câmbio (menos de 200 nairas por dólar) e manteve a taxa, proibindo um conjunto de importações.
Com a taxa de inflação nos 9,6% em janeiro, a Nigéria está a demorar a resolver os problemas importantes, considerou o professor de Economia Política na Universidade de Economia de Lagos Pat Utomi.
"O Governo deve perceber que não pode continuar a proteger o naira, porque não tem reservas suficientes para isso e, no final, a moeda acabará por encontrar o seu verdadeiro valor, seja desvalorizando-se ou não", comentou o professor.
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