ONG denuncia detenções na China por carta que pede demissão do Presidente
A Amnistia Internacional denunciou e condenou na sexta-feira a alegada detenção de dezenas de pessoas na China relacionadas com uma carta que pede a demissão do Presidente chinês, Xi Jinping.
© Lusa
Mundo AI
A denúncia da organização de defesa dos direitos humanos segue-se a outra feita pelo escritor chinês dissidente Wen Yunchao, que vive agora em Nova Iorque, EUA, e que disse que os seus pais e o seu irmão estão desaparecidos.
O escritor disse que 11 pessoas estão sob custódia das autoridades chinesas por causa da carta que pede a demissão de Xi Jinping, que foi publicada em portais na Internet e assinada por "membros leais ao Partido Comunista".
Fontes citadas pela BBC garantem que 20 pessoas foram já detidas por causa daquele texto.
Segundo Wen Yunchao, os seus pais e o seu irmão, que vivem na China, foram "sequestrados" pelas autoridades a 22 de março por causa dessa carta, assim como outras oito pessoas.
O escritor revelou que o pai o tinha avisado de que era suspeito de ter distribuído a carta em causa.
Entre os outros desaparecidos estão quatro membros da equipa do portal oficial Wujie News, que publicou a carta, entretanto apagada, disse uma fonte citada pela agência AFP.
Na semana passada, foi também noticiado que o jornalista Jia Jia, a residir em Hong Kong, desapareceu no aeroporto de Pequim quando ia embarcar para regressar a casa, tendo grupos de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos relacionado o seu desaparecimento com a mesma carta, por o repórter ter manifestado interesse no documento.
Jia Jia foi libertado na sexta-feira à noite, segundo disse à AFP um advogado, sem dar mais detalhes.
"A perseguição de familiares de dissidentes é uma tática draconiana e ilegal", considerou William Nee, da Amnistia Internacional, a propósito deste caso, considerando "uma paródia" as garantias da China de que respeita a lei.
A carta em causa foi publicada no portal oficial do Governo chinês Wujie News a 4 de março, na véspera do início da sessão anual da Assembleia Nacional Popular chinesa (órgão legislativo) e, entretanto, apagada.
O texto começa por admitir algumas melhorias graças à campanha anticorrupção lançada por Xi Jinping, mas de seguida ressalva que, devido à centralização de poderes pelo atual presidente - o mais forte líder chinês das últimas décadas -, se está "a assistir a problemas sem precedentes".
Politicamente, Xi "debilitou o poder de todos os órgãos do Estado", inclusive a autoridade do primeiro-ministro, Li Keqiang, lê-se naquela missiva.
No plano económico, cita a crise no mercado de capitais chinês e o excesso de capacidade de produção na indústria pesada como sinais de fracasso e crítica ainda, a nível ideológico e cultural, o recente apelo de Xi à lealdade dos meios de comunicação oficiais para com o Partido Comunista Chinês (PCC).
"Em resultado, camarada Xi Jinping, sentimos que não possui as qualidades necessárias para liderar o Partido e a nação rumo ao futuro e que não está apto para o cargo de secretário-geral" do PCC, conclui a carta.
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