Níger, Mali e Burkina Faso são os países com mais casamentos forçados
O Níger, o Mali e o Brukina Faso são os países da África ocidental com mais casos de casamentos forçados e precoces, segundo um relatório da Amnistia Internacional sobre a situação no Burkina Faso divulgado hoje.
© Reuters
Mundo AI
"O Níger é o país onde há a taxa mais alta de casamentos forçados e precoces na África ocidental. Segue-se o Mali e depois o Burkina Faso", disse à imprensa Gaëton Mootoo, investigador da organização e autor do relatório publicado em Ouagadougou, capital do Burkina Faso.
A nível mundial, o Burkina Faso está entre os 10 países com mais casos.
Segundo o relatório, uma em cada duas mulheres no país casa-se antes dos 18 anos e mais de metade (51,3%) das raparigas entre os 15 e os 17 anos são casadas, mas registam-se casos de casamentos forçados envolvendo meninas de 11 anos.
O investigador explicou que as famílias casam as filhas para "reforçar alianças familiares, adquirir estatuto social ou em troca de bens, dinheiro ou serviços".
O relatório refere também a prática em certas regiões do "Pog-lenga", que significa "mulher bónus", em que a nova mulher leva consigo para a casa do marido uma sobrinha, para ser oferecida em casamento.
A Amnistia Internacional recolheu testemunhos de dezenas de raparigas obrigadas a casar por familiares, muitas vezes pelos pais.
"As jovens resistem cada vez mais a estes casamentos precoces e forçados e, o que é encorajador, são apoiadas pelas mães, que muitas vezes passaram pela mesma situação e querem evitá-la às filhas. Mas os homens pressionam as mulheres para que obriguem as filhas a aceitar marido", explicou Mootoo.
"É essencial que o governo do Burkina Faso respeite o direito das jovens raparigas a tomar as suas próprias decisões relativamente ao seu corpo, à sua vida e ao seu futuro", sublinhou o diretor da Amnistia para a África central e ocidental, o senegalês Alioune Tine.
Tine apelou ao novo governo do Burkina para respeitar os seus compromissos para a eliminação do casamento de crianças, num país onde sete em cada dez crianças não têm acesso à escola e onde quase metade (46%) dos 19 milhões de habitantes vive abaixo do limitar de pobreza.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com