Nomeado pelo Governo britânico para conduzir este relatório sobre a resistência aos antibióticos, o economista Jim O'Neill sublinhou a necessidade de ações urgentes para evitar que a medicina preventiva regresse à Idade Média.
"É preciso que isso se torne uma prioridade para todos os chefes de Estado", afirmou O'Neill, citado pela agência France Presse, ao propor uma bateria de medidas a implementar.
O relatório apela à mudança drástica na maneira de utilizar os antibióticos, cujo consumo excessivo e má utilização favorece a resistência das "super-bactérias".
O estudo preconiza o lançamento de uma vasta campanha de sensibilização do público, largamente "ignorante" dos riscos. Defende ainda a criação de um fundo de investigação de dois mil milhões de dólares; a forte redução da utilização de antibióticos durante a fase de crescimento; ou ainda premiar com mil milhões de dólares o laboratório que desenvolver uma nova família de fármacos que substituam os antibióticos de forma eficaz.
"É preciso parar de tomar antibióticos como rebuçados", insistiu Jim O'Neill.
Desde o lançamento do estudo, em meados de 2014, mais de um milhão de pessoas morreram em resultado de infeções relacionadas com a resistência aos antibióticos, sublinha o relatório.
No relatório estima-se que este balanço pode crescer muito, ao ritmo de mais 10 milhões de mortes por ano até 2050, ou seja, mais pessoas do que o cancro mata hoje, e custar até 100 biliões de dólares à economia mundial.
A eficácia decrescente dos antibióticos preocupa fortemente a comunidade científica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu em novembro que o fenómeno representa um "imenso perigo" e que, se nada for feito, o planeta caminha para uma "era pós-antibiótica, na qual as infeções atuais podem recomeçar a matar".
A resistência aos antibióticos, também chamada antibioresistência, acontece quando uma bactéria evolui e se torna resistente aos antibióticos utilizados para tratar as infeções.