ONG da África Austral acusa polícia moçambicana de intimidação a jornalistas
O Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA), uma ONG de defesa da liberdade de imprensa, acusou hoje a polícia moçambicana de intimidação em interrogatórios a jornalistas sobre notícias relacionadas com a crise militar no país.
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Mundo Liberdade
"As notificações por parte das autoridades policiais a jornalistas para prestarem declarações relacionadas com matérias por si publicadas configuram atos de intimidação e ameaças à liberdade de imprensa e de expressão", diz o escritório moçambicano do MISA, em comunicado enviado hoje à Lusa.
A nota de imprensa diz que a Polícia de Investigação Criminal (PIC) notificou na terça-feira o diretor do semanário Zambeze, João Chamusse, e o editor da mesma publicação, Egídio Plácido, para interrogatórios, no mesmo dia e na sede da entidade em Maputo, sobre matérias feitas pelo correspondente do jornal na Beira, centro do país, relacionadas com o conflito armado na região.
"A notificação foi feita com efeito imediato, exigindo a presença dos dois jornalistas no mesmo dia, que coincidia com o fecho da edição da semana, não permitindo que as audições fossem realizadas no dia seguinte", refere a nota de imprensa.
Os agentes da PIC, prossegue o MISA, pretendiam que o diretor e o editor do Zambeze revelassem os nomes das fontes de uma notícia sobre a alegada morte em combate de militares zimbabueanos que supostamente ajudavam as forças de defesa e segurança moçambicanas nos confrontos com o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, na província de Sofala, centro do país.
Segundo o MISA, a PIC queria também saber dos dois responsáveis do semanário os nomes das fontes de uma notícia que acusava as forças de defesa e segurança moçambicanas de pilhagem de bens da população em Sofala.
"O MISA-Moçambique nota que não é da responsabilidade da Polícia de Investigação Criminal procurar saber dos jornalistas como eles obtêm as informações que veiculam nos seus respetivos órgãos de informação", lê-se na nota de imprensa.
De acordo com o comunicado, a notificação de jornalistas por parte das autoridades policiais para prestarem declarações relacionadas com matérias por si publicadas configura atos de intimidação e ameaças à liberdade de imprensa e de expressão.
O MISA-Moçambique diz que nota com preocupação a pressão que nos últimos tempos tem vindo a ser exercida contra jornalistas, nestes interrogatórios, no sentido de revelarem as suas fontes de informação.
Moçambique tem conhecido um agravamento dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados.
A polícia moçambicana responsabiliza a Renamo por emboscadas a viaturas civis em vários troços da principal estrada do país, na região centro.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
As delegações do Governo moçambicano e da Renamo voltaram a reunir-se no princípio do mês, pela terceira vez, desde a retomada de conversações entre as duas partes no final do mês passado, visando preparar as condições de um encontro entre Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
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