Piores ataques do ISIS foram os menos falados de sempre
Numa única explosão, no centro de Bagdad, morreram quase 200 pessoas. Mas nas redes sociais e na imprensa, o assunto quase passou despercebido.
© Reuters
Mundo Ramadão
Ramadão. Os muçulmanos praticam o jejum que a sua religião lhes impõe, mas os terroristas continuam sedentos por ver mais sangue a derramar nas ruas. Este ano, este período ficou marcado da pior forma no que à violência diz respeito, tanto por quem a pratica como por quem não a divulgou.
Durante este período, morreram quase 500 (489, no total) cidadãos inocentes, fosse através de explosões de carros, atentados suicidas ou homicídios coletivos planeados. No passado dia 4 de julho, por exemplo, o Daesh matou 140 pessoas com uma única explosão no centro de Bagdad, capital do Iraque.
Estes números, contudo, parecem não ter impressionado a imprensa, tanto a nível nacional como internacional. Como escreve um dos editores do Washington Post: “É muito improvável que este ataque, o maior fluxo de tragédia dos terroristas, vá gerar o mesmo pânico no Ocidente como geraram os ataques de Bruxelas ou Paris. Ao longo dos anos, nós acabamos por ficar entorpecidos e insensíveis perante a violência no Oriente. Não existem hashtags, não há fotografias de perfil no Facebook em nome daquelas vítimas e estes atentados não fazem as manchetes dos jornais no dia a seguir. Parece que este tipo de violência só apela a uma empatia muda”.
Para conferir os números, a BBC elaborou uma cronologia com a sucessão dos ataques que têm marcado o Oriente durante as últimas semanas:
- 7 de junho: 11 mortos na explosão de um carro armadilhado à passagem de um autocarro da polícia no centro histórico de Istambul. Atribuído ao grupo armado curdo Falcões da Liberdade do Curdistão.
- 9 de junho: o grupo extremista Estado Islâmico (EI) mata 23 pessoas em dois atentados suicidas no centro do Iraque.
- 11 de junho: o EI reivindica a autoria de um duplo atentado perpetrado contra a zona xiita de Sayyidah Zaynab, a sul de Damasco, que matou pelo menos 20 pessoas.
- 12 de junho: um homem de ascendência afegã mata 49 pessoas numa discoteca de homossexuais em Orlando (Florida), no pior tiroteio dos Estados Unidos.
- 13 de junho: um casal de polícias é assassinado na sua habitação, a 50 quilómetros de Paris, por um 'jihadista' francês reincidente e radicalizado pela Internet, que realizou o crime em nome do EI.
- 20 de junho: dois atentados causam 24 mortos e meia centena de feridos no Afeganistão.
- 21 de junho: pelo menos 30 mortos num ataque contra um depósito de armas a leste de Tripoli, na Líbia.
No mesmo dia, pelo menos seis militares morreram num atentado com um carro armadilhado que teve como alvo o exército jordano na zona de Rakban, no nordeste do país fronteiriço à Síria.
- 25 de junho: um ataque do grupo extremista somali 'shebab' contra um hotel em Mogadíscio causou pelo menos 35 mortos.
- 27 de junho: pelo menos 32 soldados mortos em várias explosões contra postos de controlo do exército do Iémen na cidade de Al Mukalla, no sudeste do país, num ataque reivindicado pelo EI.
- 28 de junho: três terroristas suicidas matam 45 pessoas, 20 das quais estrangeiras, no aeroporto internacional de Istambul, um atentado que as autoridades turcas atribuem ao movimento radical Estado Islâmico.
- 1 de julho: um grupo de terroristas ataca um restaurante em Daca (Bangladesh) com um balanço de 28 mortos, incluindo 20 reféns.
- 3 de julho: um atentado suicida com um veículo armadilhado realizado pelo EI numa zona comercial do centro de Bagdad causa pelo menos 180 mortos, o número mais elevado num único ataque registado este ano.
- 4 de julho: pelo menos quatro polícias morreram e quatro civis ficaram feridos num atentado suicida ocorrido pelo da mesquita do profeta, a segunda mais sagrada do islão, na cidade saudita de Medina.
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