Candidatura única à segunda volta "não fica bem a imagem" de São Tomé
O primeiro-ministro são-tomense reconheceu hoje, em conferência de imprensa, que a eventualidade de haver apenas um concorrente na segunda volta das eleições presidenciais, marcadas para o próximo dia 7 de agosto, "não fica bem à imagem do país".
© Lusa
Mundo Patrice Trovoada
"Para as pessoas que não conhecem bem a realidade são-tomense podem dizer: porquê a segunda volta de uma eleição só com um candidato? Mas nós continuamos a dizer que não há um só candidato, há dois. Do ponto de vista legal há dois candidatos", disse Patrice Trovoada.
O primeiro-ministro referia-se à recusa de Manuel Pinto da Costa, atual Presidente e segundo candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, realizada no passado dia 17.
"Havendo só um candidato é verdade que não fica bem a nível da imagem do país. Porque as pessoas que não conhecem a realidade e os detalhes da situação são-tomense podem pensar: como é que uma democracia, segunda volta só com um candidato?", afirmou Patrice Trovoada.
O chefe do Governo considera que toda a situação resultante da primeira volta está a prejudicar a imagem do país, e considera que depois do dia 07 de agosto será necessário "um grande esforço diplomático" para explicar que "o país continua democrático, continua respeitador das leis, que é um Estado de direito democrático".
O governante lamentou os "episódios" que se seguiram à divulgação dos resultados provisórios que atribuíam a vitória, logo à primeira volta, a Evaristo de Carvalho, candidato apoiado pelo partido no poder, a Ação democrática Independente, liderada por Patrice Trovoada.
Esses resultados foram posteriormente alterados pela Comissão Eleitoral Nacional na recontagem de votos.
"Nós todos ouvimos as contestações e nós todos ouvimos as respostas às contestações, mas na realidade nós todos testemunhamos nesse processo eleitoral as coisas foram livres, transparente como habitual", explicou Patrice Trovoada, acrescentando que em qualquer eleição "tem que haver vencido e um vencedor".
"Numas eleições alguém tem que ganhar, alguém tem que perder e quem ganha tem que esticar as mãos a quem perde, tem que ser magnânimo. Mas quem perde também tem que ser democrata, tem que ser bom jogador e reconhecer que perdeu. E tem que rever as estratégias e as estratégias não passa por anular eleições porque se perdeu, sem que haja motivo real nem legal para tal, atrasar o país oito, nove meses, procurar distúrbios, manifestações, etc, porque se perdeu", frisou.
Patrice Trovoada recordou que nas presidenciais de 2006 também foi candidato, e apesar de não ter sido eleito não houve, como disse, "confusão".
"Na segunda volta temos Manuel Pinto da Costa e temos Evaristo de Carvalho. São candidatos à segunda volta, vão a confronto que o povo escolhe. Mas não vale a pena por em causa o bom nome do país, não vale a pena manchar as instituições, não vale a pena insultar, isso fica muito mal", acentuou.
Os resultados oficiais do apuramento geral da primeira volta das presidenciais, indicam que Evaristo de Carvalho obteve com 34.522 votos (49,88%), seguido de Manuel Pinto da Costa com 17.188 votos (24,83%) e Maria das Neves com 16.828 (24,31%).
Num universo de 111.222 votantes, foram às urnas 71.524, uma taxa de abstenção de 35,69%.
Relativamente aos outros dois candidatos, Manuel do Rosário obteve 478 votos (0,69%) e Hélder Barros 194 (0,28%).
A campanha para a segunda volta das eleições presidenciais arranca hoje, com Evaristo de Carvalho a efetuar o seu primeiro comício na vila de Batepá, a cerca de 13 quilómetros da capital.
Pinto da Costa anunciou que recusa disputar a segunda volta das presidenciais, por considerar que "participar num processo eleitoral tão viciado seria caucioná-lo".
O Tribunal Constitucional anunciou na segunda-feira que Evaristo Carvalho concorrerá sozinho à segunda volta das presidenciais, caso Manuel Pinto da Costa, que ficou em segundo lugar na primeira volta, formalize a desistência.
No entanto, hoje, uma fonte daquele tribunal referiu que a desistência de Pinto da Costa não foi formalizada, o que significa que oficialmente ainda é candidato à segunda volta.
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