"Depois da eleição de ontem [domingo], acho que não há mais lugar a contestação. Pelo contrário, é momento de olharmos para a frente, com um Presidente que tomará posse no dia 03 de setembro", disse Patrice Trovoada aos jornalistas.

"É um contexto particular para São Tomé e Príncipe, em que haverá coabitação, pelo menos até 2018, e aproveito para chamar a atenção para que a oposição possa deixar as querelas para o passado e engajar-se num debate muito mais construtivo para o bem do país", acrescentou.

O chefe do executivo felicitou Evaristo de Carvalho pela eleição para o cargo de Presidente da República, e congratulou-se com o fato desta eleição poder proporcionar "condições para um maior relacionamento" entre dois órgãos de soberania: Governo e Presidência da Republica.

Patrice Trovoada acrescentou que o seu partido, a Ação Democrática Independente (ADI) e Governo têm agora "um espírito de responsabilidade e de missão e, evidentemente, também algum conforto já que as condições estão criadas" para poder trabalhar.

Pelo menos 54% dos 111.222 eleitores são-tomenses não votaram na segunda volta das presidenciais de domingo, em que o candidato único, Evaristo de Carvalho, obteve 42.058 votos, indicam dados provisórios avançados hoje pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN).

Numa curta declaração à imprensa, o presidente da CEN, Alberto Pereira referiu ainda que houve 7.567 votos nulos e 1.548 votos brancos.

Relativamente à elevada taxa de abstenção registada na segunda volta das presidenciais, o primeiro-ministro disse que é um facto a considerar, dando, no entanto, maior relevância "aos votos de progressão que teve Evaristo de Carvalho".

"No nosso entender Evaristo de Carvalho é um Presidente bem eleito tomando em consideração o contexto em que essas eleições ocorreram", explicou Patrice Trovoada, lamentando que o ainda Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, que desistiu de disputar a segunda volta, não ter ido votar no domingo.

"Lamento, acho que foi um erro político, ético, uma falta de lealdade com as instituições deste país que todos nós juramos defender", disse, desafiando Manuel Pinto da Costa a "retificar essa atitude", estando presente na investidura de Evaristo de Carvalho no próximo dia 03 de setembro.

"Há uma cerimónia de posse em que quem dá posse ao Presidente da República é a Assembleia, mas convinha que o Presidente Pinto da Costa participasse nesse ato, que marca a alternância ao mais alto nível do Estado são-tomense", explicou.

Manuel Pinto da Costa recusou submeter-se novamente a votos, argumentando que "participar num processo eleitoral tão viciado seria caucioná-lo".

Na primeira volta, Evaristo de Carvalho foi o mais votado com 34.522 votos (49,88%), seguido de Manuel Pinto da Costa com 17.188 votos (24,83%) e Maria das Neves com 16.828 (24,31%).

Num universo de 111.222 votantes, foram às urnas 71.524, que corresponde a 64,31% de afluência, havendo 35,69% de abstenções, equivalente a 39.698 não votantes.