Paris fez festival de cinema ao ar livre... Dentro de quatro paredes
O reforço das medidas de segurança em Paris transformou o festival de cinema ao ar livre de 'La Villette' num evento cercado por quatro paredes com uma afluência muito menor que a habitual e alguma deceção do público.
© Getty Images
Mundo Insegurança
O festival começou no passado dia 13 de julho e termina este domingo.
À imagem de outros festivais de cinema ao ar livre que foram anulados este verão em Paris, a programação no vasto parque da capital francesa chegou a ser anulada após o atentado de 14 de julho em Nice, mas a organização repôs a 26.ª edição dentro de um recinto habitualmente dedicado a concertos, a Grande Halle de la Villette.
"É verdade que não podemos falar de cinema ao ar livre, mas antes de cinema sob uma claraboia! Depois do atentado de 14 de julho, a polícia pediu à maior parte dos estabelecimentos culturais para garantirem medidas de segurança nos grandes eventos, como este festival que costuma acolher entre 100 mil e 150 mil pessoas por ano", disse à Lusa Caroline Lapiche, da organização.
O público teve de desistir dos tradicionais piqueniques em cima da relva antes das projeções ao cair da noite e conformar-se com as cerca de 800 cadeiras de lona colocadas no recinto para dar a impressão de um cinema "quase" ao ar livre.
"Claro que a capacidade é inferior, temos cerca de 800 espreguiçadeiras. Nas outras edições, dependia do tempo, mas as pessoas iam para a relva mais cedo para fazer piqueniques e podia haver até 15 mil pessoas nos dias de grande afluência", continuou a responsável, sublinhando que o "balanço é muito positivo" porque se conseguiu "manter este evento icónico".
Depois de alguma espera no exterior devido ao reforço das medidas de segurança e enquanto não começa o filme, o ambiente é de descontração, com o público a comprar pipocas ou cerveja no bar, outros já sentados a relerem o programa do festival ou a espreitarem os 'smartphones'.
"Sinceramente, eles verificam os sacos mas não serve para nada, eles não verificam a sério. Ao menos revistam as pessoas, menos mal", critica Lisa Brunel, espetadora assídua "há vários anos" do festival.
A francesa assistiu a três filmes este ano e, apesar de "uma boa programação", diz estar "muito dececionada por não ser ao ar livre com os piqueniques e um ambiente bem diferente".
Aïmen Elassimi chegou em cima da hora e passou rapidamente pelo controlo de segurança à entrada ainda que afirme não pensar "de todo" na questão da falta de segurança.
"Sinceramente, o festival perdeu aquele charme de ser ao ar livre, mas pelo menos assim não se anulam sessões por causa da chuva", considerou o jovem de 24 anos.
Enquanto aguarda pelo clássico dos irmãos Coen, o filme Fargo, Emmanuel Tachot comenta não estar dececionado com esta edição "porque se adapta ao contexto".
"É bom que tenham mantido o festival, tendo em conta o contexto atual. Sinto-me em segurança porque revistam à entrada e acho que há muito pouca probabilidade de haver um ataque. Espero que este ano seja excecional e que para o ano volte a ser ao ar livre", comentou o professor de história de 27 anos.
Sara Picart é outra parisiense a caracterizar esta edição como "um bocado estranha" e imbuída de "um ambiente difícil por ser no interior e porque as pessoas são revistadas", mas fez questão de estar presente como costuma fazer nos outros anos.
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