Sentença contra jihadista maliano será conhecida a 27 de setembro

O Tribunal Penal Internacional (TPI) pronunciará a 27 de setembro a sentença e a pena relativas ao jihadista maliano acusado de destruir mausoléus em Timbuktu, no norte do Mali, anunciou hoje o juiz no final de um julgamento histórico.

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Lusa
24/08/2016 16:36 ‧ 24/08/2016 por Lusa

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Justiça

"O tribunal vai agora retirar-se e preparar a sua decisão. Sentença e pena serão pronunciadas simultaneamente", declarou o juiz Raul Pangalangan, no final do julgamento de apenas três dias.

Logo no primeiro dia, na segunda-feira, Ahmad al-Faqi al-Mahdi declarou-se culpado da destruição em junho e julho de 2012 de nove mausoléus e da porta da mesquita de Sidi Yahia, monumentos classificados com património mundial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

"Um comportamento sem precedentes perante o tribunal", congratulou-se a acusação, que pediu uma pena de nove a 11 anos de prisão.

A acusação tinha anunciado no início do julgamento ter acordado com a defesa que Ahmad al-Faqi al-Mahdi, de cerca de 40 anos, reconhecia a sua culpabilidade e comprometia-se a não recorrer se a condenação fosse equivalente à pena pedida.

Este acordo não é vinculativo para os juízes, que podem decidir-se por uma pena de até 30 anos de prisão.

A defesa concluiu hoje a sua intervenção apresentando o retrato de um "homem honesto" que se perdeu durante algum tempo.

"Durante um pouco mais de três meses, ele resvalou. É um homem que, a dado momento, se enganou. Quis dar conselhos para aplicar a sharia (lei islâmica), é um erro terrível que levou à sua culpa", declarou o advogado Jean-Louis Gilissen.

Al-Mahdi é o primeiro extremista islâmico a ser julgado pelo TPI, o primeiro acusado de crimes de guerra pela destruição de património e o primeiro réu a considerar-se culpado num julgamento por crimes de guerra no Tribunal de Haia.

Na altura dos factos chefe da brigada islâmica dos costumes, Al-Mahdi foi o líder dos ataques visando acabar com as orações e rituais realizados junto aos mausoléus e contrários à lei islâmica.

As personagens veneradas a que dizem respeito os mausoléus valem a Timbuktu a designação de "cidade dos 333 santos", reconhecidos como protetores da cidade e a quem se apela para proteger casamentos ou para pedir chuva.

Al-Mahdi era um especialista de religião do Ansar Dine, um dos grupos jihadistas que controlaram o norte do Mali durante cerca de 10 meses em 2012, até ser desencadeada uma intervenção militar internacional por iniciativa da França.

 

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