"Moscovo está profundamente preocupada com o que se passa na fronteira turco-síria. A possibilidade de mais uma degradação da situação na zona do conflito é preocupante", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado.
O Kremlin está sobretudo preocupado com "eventuais vítimas colaterais entre a população civil" e o alertou também para o perigo de "aumento das tensões interétnicas entre curdos e árabes".
"A crise síria só pode ser resolvida com base no direito internacional, através de um diálogo inter-sírio, com a participação de todos os grupos étnicos e religiosos, incluindo os curdos", acrescentou o ministério no comunicado.
A própria Síria havia, horas antes, condenado a incursão turca numa zona junto à fronteira controlada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), classificando-a como "uma flagrante violação" da sua soberania, ao passo que as autoridades curdas consideraram que tal ação equivale a "uma declaração de guerra".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Damasco afirmou "condenar a travessia da fronteira entre a Turquia e a Síria por tanques e veículos blindados turcos em direção à área de Jarablos, com cobertura aérea da coligação liderada pelos Estados Unidos".
Por sua vez, a oposição síria no exílio manifestou-se a favor da intervenção, que considerou bem-vinda.
A operação -- batizada como "Escudo do Eufrates" -- iniciou-se pelas 04:00 locais (02:00 em Lisboa) com a artilharia turca a bombardear dezenas de alvos do EI em torno de Jarablos, indicou o gabinete do primeiro-ministro turco.
Tanques turcos e forças especiais acompanhados por rebeldes sírios atravessaram então a fronteira, numa operação sem precedentes destinada a expulsar o EI de Jarablos, de onde foram disparados 'rockets' para território turco, um objetivo que alcançaram horas depois.
Esta intervenção torna ainda mais complexo o conflito na Síria, que envolve vários países estrangeiros: Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia ao lado dos rebeldes, e Rússia e Irão do lado de Damasco.
O regime do Presidente Bashar al-Assad já só controla uma parte do território, estando o restante nas mãos de curdos, jihadistas ou rebeldes.