Rússia "profundamente preocupada" com intervenção turca na Síria

A Rússia declarou-se hoje "profundamente preocupada" com a grande operação militar lançada durante a noite pelo exército turco na Síria, temendo um possível agravamento das tensões entre Ancara e as milícias curdas.

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Lusa
24/08/2016 17:17 ‧ 24/08/2016 por Lusa

Mundo

Conflito

"Moscovo está profundamente preocupada com o que se passa na fronteira turco-síria. A possibilidade de mais uma degradação da situação na zona do conflito é preocupante", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado.

O Kremlin está sobretudo preocupado com "eventuais vítimas colaterais entre a população civil" e o alertou também para o perigo de "aumento das tensões interétnicas entre curdos e árabes".

"A crise síria só pode ser resolvida com base no direito internacional, através de um diálogo inter-sírio, com a participação de todos os grupos étnicos e religiosos, incluindo os curdos", acrescentou o ministério no comunicado.

A própria Síria havia, horas antes, condenado a incursão turca numa zona junto à fronteira controlada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI), classificando-a como "uma flagrante violação" da sua soberania, ao passo que as autoridades curdas consideraram que tal ação equivale a "uma declaração de guerra".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Damasco afirmou "condenar a travessia da fronteira entre a Turquia e a Síria por tanques e veículos blindados turcos em direção à área de Jarablos, com cobertura aérea da coligação liderada pelos Estados Unidos".

Por sua vez, a oposição síria no exílio manifestou-se a favor da intervenção, que considerou bem-vinda.

A operação -- batizada como "Escudo do Eufrates" -- iniciou-se pelas 04:00 locais (02:00 em Lisboa) com a artilharia turca a bombardear dezenas de alvos do EI em torno de Jarablos, indicou o gabinete do primeiro-ministro turco.

Tanques turcos e forças especiais acompanhados por rebeldes sírios atravessaram então a fronteira, numa operação sem precedentes destinada a expulsar o EI de Jarablos, de onde foram disparados 'rockets' para território turco, um objetivo que alcançaram horas depois.

Esta intervenção torna ainda mais complexo o conflito na Síria, que envolve vários países estrangeiros: Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia ao lado dos rebeldes, e Rússia e Irão do lado de Damasco.

O regime do Presidente Bashar al-Assad já só controla uma parte do território, estando o restante nas mãos de curdos, jihadistas ou rebeldes.

 

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