"Chegámos a acordo sobre uma nova abordagem às negociações para chegar a uma solução global" para o conflito iniciado há ano e meio, disse Kerry à imprensa, referindo-se às conversações entre o governo do Iémen, apoiado pela Arábia Saudita, e os rebeldes xiitas 'huthi', apoiados pelo Irão.

O chefe da diplomacia norte-americana falava em Jeddah (oeste) após um encontro com o homólogo saudita, Adel Al-Jubeir, representantes dos outros países que integram a coligação árabe, um secretário de Estado britânico e o enviado da ONU para o Iémen.

"Esta guerra tem de acabar e tem de acabar o mais rapidamente possível", disse.

A nova abordagem, precisou, tem "tanto uma vertente de segurança como política", articuladas para permitirem "um acordo abrangente", disse.

John Kerry sublinhou que os pormenores da iniciativa serão finalizados "pelas próprias partes", mas precisou que o resultado tem de incluir "a rápida formação de um governo de união nacional com o poder partilhado entre partes".

A solução terá ainda de passar pela "retirada de forças de Sanaa [a capital] e de outras zonas decisivas e a "transferência de todo o armamento pesado, incluindo mísseis balísticos e lançadores, dos 'huthi' e das forças suas aliadas para uma terceira parte".

Kerry acusou o Irão de enviar armamento sofisticado para o Iémen, afirmando que isso constitui uma ameaça à segurança da Arábia Saudita e da região, mas também dos Estados Unidos.

"A ameaça potencialmente colocada pelo envio de mísseis e outro armamento sofisticados para o Iémen pelo Irão estende-se bem além do Iémen e não é apenas uma ameaça para a Arábia Saudita e para a região, é uma ameaça para os Estados Unidos e não pode continuar", disse.

Uma coligação árabe apoiada pelos Estados Unidos lançou em março de 2015 uma campanha militar contra os rebeldes 'huthi', depois de estes terem tomado a capital e vastas zonas do país, obrigando o presidente Abdrabuh Mansur Hadi a instalar a sede provisória do governo, apoiado pela ONU, em Áden (sul), e a exilar-se posteriormente na Arábia Saudita.

A intervenção permitiu às forças leais a Mansur Hadi expulsar os rebeldes de cinco províncias do sul, incluindo Áden, mas os rebeldes controlam ainda vastas regiões e a capital.

Mais de 6.600 pessoas, na maioria civis, foram mortas desde o princípio do conflito e mais de 80% da população precisa de ajuda alimentar básica, segundo a ONU.

Negociações mediadas pela ONU foram lançadas a 21 de abril, mas sem avanços substanciais, a organização acabou por anunciar a sua suspensão no princípio de agosto.