Primeiro-ministro francês defende recontagem dos votos no Gabão
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, defendeu hoje uma recontagem dos votos nas eleições presidenciais no Gabão, onde o anúncio da reeleição do presidente Ali Bongo Ondimba resultou em violência.
© Reuters
Mundo Manuel Valls
"Há contestação e dúvidas. Os observadores europeus no terreno emitiram críticas na base de factos objetivos. A sabedoria mandaria fazer uma recontagem dos resultados", disse à rádio RTL.
Tal como a oposição, a União Europeia e os EUA, a França, antiga potência colonial, já tinha pedido a publicação dos resultados de todas as assembleias de voto no Gabão (cerca de 2.500) sem no entanto referir uma contagem dos votos.
Uma nova contagem é reclamada pelo candidato da oposição Jean Ping, que se declara "presidente eleito" e lançou na segunda-feira um apelo a uma "greve geral" para bloquear a economia do país.
Por seu lado, o poder recusa qualquer recontagem, argumentando que a lei eleitoral não prevê essa solução, e convida a oposição a voltar-se para o Tribunal Constitucional.
Manuel Valls apelou à autoridades do Gabão para que "tudo seja feito" para encontrar "uma quinzena" de nacionais franceses, muitos com dupla nacionalidade, dos quais Paris não tem notícia desde o início da crise.
O chefe da diplomacia francesa, Jean-Marc Ayrault, manifestou na segunda-feira preocupações sobre este assunto: "Houve detenções nestes últimos dias. A França está sem notícias de muitos dos seus compatriotas."
O anúncio da reeleição de Ali Bongo na quarta-feira foi seguido de tumultos e pilhagens em Libreville e noutras cidades do país. Na capital, o parlamento foi incendiado por manifestantes.
Os protestos contra a alegada fraude eleitoral e a sua repressão já causaram entre 800 e 1.100 detidos e três mortos, segundo o Governo gabonês, embora a oposição fale de 10 vítimas mortais.
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