EUA surpreendidos com influência da China na política australiana
O embaixador dos Estados Unidos da América em Camberra afirmou-se hoje surpreendido e preocupado, numa entrevista hoje publicada num jornal australiano, após recentes revelações de que a China apoiou financeiramente personalidades influentes da política australiana.
© Reuters
Mundo John Berry
Donativos oferecidos a políticos por entidades estrangeiras, especialmente pela China, tornaram-se um assunto sensível na Austrália, depois de um líder da oposição ter resignado na semana passada, admitindo ter aceitado dinheiro para cobrir despesas, durante a campanha.
"Estamos surpreendidos, muito honestamente, com a amplitude do envolvimento do Governo chinês na política australiana", afirmou o embaixador norte-americano, John Berry, ao jornal The Australian.
"É uma questão totalmente diferente, quando o Governo chinês está apto a dirigir fundos diretamente para candidatos políticos, de forma a promover os seus interesses nacionais na vossa campanha nacional", disse.
"Para nós é uma preocupação. Não conseguimos conceber que um donativo, oriundo de um governo estrangeiro, aliado ou adversário, seja considerado legitimo", acrescentou.
Os doadores estrangeiros são ilegais nos EUA, o maior aliado da Austrália, e Berry apelou a Camberra para adotar a mesma solução.
"Esperamos que, ao resolver isto, a Austrália considere fazer o que fizeram muitas outras democracias: proteger as suas principais responsabilidades contra a indevida influência de governos que não partilham os nossos valores", afirmou.
O Partido dos Trabalhadores - debilitado após a queda do seu senador Sam Dastyari, que recebeu dinheiro de um doador com ligações ao Governo chinês - propôs a interdição de doadores estrangeiros na campanha eleitoral.
Porém, também o primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull, do Partido Liberal, recebeu largas quantias de dinheiro em donativos oriundos de empresas e individuais chineses, muitos com ligações a Pequim.
"A Austrália é uma nação independente, mas eu não consigo ver como é que o envolvimento de um governo estrangeiro, através de contribuições, seja positivo para os interesses da Austrália", apontou o embaixador.
"No nosso país é ilegal. Se um membro do governo, em qualquer nível, aceitasse um donativo oriundo de uma entidade estrangeira, isto constituiria uma infração da lei", acrescentou.
A política assertiva adotada por Pequim no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade, tem alimentando o renovar de tensões entre China e EUA.
No mês passado, Camberra rejeitou a venda do grupo privado que detém mais terrenos no país a um consórcio liderado por investidores chineses.
Dados oficiais revelam que entidades britânicas e norte-americanas possuem muito mais terrenos agrícolas na Austrália do que cidadãos ou entidades chinesas.
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