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Governador de Meca critica o Irão ao pedir luta contra o sectarismo

O governador da região saudita de Meca, o príncipe Khaled al-Faisal, exortou hoje os líderes religiosos muçulmanos para que lutem contra o sectarismo, no que foi entendido como uma crítica indireta ao Irão (de maioria xiita).

Governador de Meca critica o Irão ao pedir luta contra o sectarismo
Notícias ao Minuto

16:58 - 14/09/16 por Lusa

Mundo Islão

Khaled al-Faisal falava numa conferência de imprensa sobre a peregrinação anual do hajj (na qual os muçulmanos se deslocam para orar em Meca), que termina na quinta-feira e que tem feito subir a tensão entre Riade e Teerão.

Pela primeira vez em quase 30 anos, cerca de 64 mil peregrinos iranianos não estarão presentes em Meca para o hajj porque os dois países não conseguiram pôr-se de acordo quanto a segurança e logística.

A Arábia Saudita é o principal país e promotor do islão sunita.

"Apelo a todos os líderes muçulmanos, sejam eles líderes políticos, ulemas (académicos) ou intelectuais para que combatam o sectarismo", disse Faisal.

"Combatam este sectarismo que divide os muçulmanos. O Islão é uma e apenas uma religião", disse Faisal em Mina, um local de peregrinação na periferia de Meca.

Os mais sagrados locais de culto do Islão visitados pelos peregrinos durante o hajj ficam na Arábia Saudita, um país que é o pilar do Islão sunita, predominante no mundo muçulmano.

A fundação do reino da Arábia Saudita assenta na visão do Islão do religioso sunita Sheikh Mohammed bin Abdul Wahhab, no século XVIII. As ideias do Sheikh Mohammed bin Abdul Wahhab sobre o Islão têm sido apontadas, pelos que as criticam, como a raiz do sectarismo no Islão e a fonte de inspiração da violência 'jihadista', incluindo do Estado Islâmico (que o cita frequentemente).

O Irão é a maior potência xiita do mundo e mantém profundas divergências políticas com a Arábia Saudita acerca de vários temas regionais, incluindo as guerras na Síria e no Iémen.

Os dois países não têm relações diplomáticas e desde a semana passada que estão envolvidos em trocas de acusações sobre o hajj.

Khaled al-Faisal disse hoje que o hajj deste ano decorreu sem incidentes, apesar das "mentiras e alegações... daqueles que quiseram pôr em dúvida a capacidade que o reino tem de servir os peregrinos".

Os responsáveis da Arábia Saudita disseram que Teerão tinha exigido o direito a organizar manifestações perto dos locais de culto.

Teerão acusa Riade de estar a "bloquear o caminho que leva a Alá".

A segurança foi um dos principais temas da peregrinação deste ano, já que ano passado morreram cerca de 2.300 pessoas pisoteadas quando uma multidão entrou em pânico durante o hajj.

O Irão deu conta que 464 dos seus cidadãos morreram durante o pânico.

Dias antes de o hajj começar, no domingo, o líder religioso supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, questionou o direito da Arábia Saudita de gerir os locais sagrados do Islão.

Apelidou a família real saudita de "pequenos satãs", por terem politizado a peregrinação.

O grande mufti da Arábia Saudita, Abdulaziz al-Sheikh, retaliou, afirmando a um jornal que os iranianos "não são muçulmanos".

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