Polarização política e protesto de estudantes marcam dia após referendo
A forte polarização política e um protesto de estudantes marcaram o dia em Bogotá, após o referendo de domingo no qual os colombianos votaram contra o acordo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
© Reuters
Mundo Bogotá
Tanto na imprensa colombiana, como nos grupos de amigos e nas filas do transporte público, o assunto predominante foi hoje o resultado do referendo.
O resultado tangencial, com o "não" a ganhar por 50,21% contra o "sim" que obteve 49,78%, no referendo ao acordo negociado por quatro anos em Havana, Cuba, refletiu-se na opinião dos bogotanos entrevistados pela Lusa, que também revelaram surpresa com o resultado e incerteza em relação ao futuro.
"Agora ninguém sabe o que vai acontecer. Cada partido vai puxar para o seu lado, tentar ter benefícios políticos, e não se sabe se a seguir se vão matar", afirmou Rafael Rodríguez, 78 anos, que votou pelo "sim" esperando o fim de um conflito que dura há décadas.
Rodríguez acrescentou acreditar que os colombianos perderam uma oportunidade e que o processo de uma renegociação agora será longo. "Esta semana está repleta de incertezas, e as novas conversas serão longas, para mais de seis meses".
Ao lado, outro bogotano, Manuel Guarín, 42 anos, defendeu o "não". "Sou colombiano, amo essa pátria, e dá-me tristeza que políticos inescrupulosos manipulem gente inocente, e que haja tanta divisão. Já não acredito no que [os políticos] falam, os factos falam mais que palavras", afirmou.
Guarín realçou que espera que agora haja uma negociação entre os grupos políticos, mas reconheceu que o país está "partido em dois" e que as campanhas tanto para o "sim" como para "não" no plebiscito contribuíram para a divisão.
O bipartidarismo em Colômbia não é algo recente e é apontado por analistas como um dos motivos do surgimento de um conflito duradouro no país, principalmente entre o fim das décadas de 1940 e 1950, período conhecido como "A Violência" devido aos duros embates entre liberais e conservadores.
Dos anos 1950 datam as guerrilhas liberais, contrárias aos atores armados ligados ao conservadorismo.
O dia após o referendo em Bogotá começou com a expectativa de novos pronunciamentos do governo, do Centro Democrático (partido que apoiou e promoveu a campanha do "não") e das Farc, e a espera de uma reunião entre os partidos políticos, mas sem grandes concentrações ou protestos.
Por volta das 14:00 horas (20:00 horas Lisboa), cerca de 400 estudantes da Universidad Nacional de Colombia chegaram à praça de Bolívar e concentraram-se em frente ao congresso colombiano com cartazes frases de protesto como "somos por la paz" ou "el acuerdo se mantiene".
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