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Turquia vai manter tropas do Iraque apesar dos protestos de Bagdad

Ancara garantiu hoje que manterá tropas no Iraque apesar dos protestos de Bagdad e quando se agrava a tensão entre os dois países com o anúncio da ofensiva sobre Mossul (norte), bastião iraquiano do grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

Turquia vai manter tropas do Iraque apesar dos protestos de Bagdad
Notícias ao Minuto

18:41 - 06/10/16 por Lusa

Mundo Mossul

"Pouco importa o que diz o Governo iraquiano, a presença turca será mantida para combater o Daesh [acrónimo árabe do EI] e para evitar uma modificação pela força da composição demográfica da região" de Mossul, assegurou o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim.

Mossul, a segunda cidade do Iraque e com maioria de população sunita, caiu em poder do EI em junho de 2014 e Bagdad, apoiado pelos países da coligação internacional anti-EI, prepara uma ofensiva para retomar a localidade.

Território otomano durante quatro séculos, Mossul, com cerca de um milhão de habitantes segundo dados recentes da ONU, foi integrado no Iraque na sequência da Primeira Guerra Mundial e o desmembramento do império otomano. Ancara reivindica direitos históricos sobre esta cidade e instalou nos seus arredores a base de Bachiqa, suscitando forte apreensão em Bagdad.

Segundo os 'media' turcos, cerca de 2.000 soldados turcos estão colocados no Iraque, incluindo 500 em Bachiqa e onde treinam voluntários iraquianos sunitas no âmbito dos preparativos para a "reconquista" de Mossul.

Na terça-feira os deputados iraquianos apelaram ao Governo para adotar medidas de retaliação contra Ancara após um voto no parlamento turco que prolonga o mandato que autoriza a intervenção das tropas turcas no Iraque e Síria, e qualificando de "força de ocupação" a presença militar da Turquia em Bachiqa.

O Iraque também reagiu de forma negativa às declarações do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que no sábado considerou que a "libertação de Mossul" deverá ser apenas concretizada pelos que possuem ligações étnicas e religiosas com a cidade, excluindo assim a participação de milícias xiitas ou dos rebeldes curdos do YPG, considerados por Ancara um prolongamento do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Num sinal das crescentes tensões entre os dois vizinhos, Ancara pediu explicação na terça-feira ao embaixador iraquiano em Bagdad e convocou o embaixador turco, segundo fontes dos dois ministérios dos Negócios Estrangeiros citados pela agência noticiosa France-Presse.

"Quando as tropas de 63 países estão presentes no Iraque, não é razoável [para as autoridades iraquianas] focarem-se na presença turca", acrescentou Yildirim. Na sua perspetiva, a atitude de Bagdad "não traduz uma boa-fé".

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