Renamo: Assassínio "é grave" mas negociações de paz "poderão continuar"
O politólogo moçambicano Gaudêncio Material considerou hoje que o assassínio do dirigente da Renamo Jeremias Pondeca "é grave", mas que as negociações de paz "poderão continuar por ser do interesse de ambas as partes".
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Mundo Politólogo
"É grave, é triste, a olhar para o momento em que nos encontramos, tendo em conta que Jeremias Pondeca fazia parte da equipa que estava a conduzir as negociações por parte da Renamo. Isto choca com o próprio processo das negociações, no sentido de se alcançar a paz", disse à Lusa o professor de ciência política.
Gaudêncio Material observou, todavia, que "não podemos olhar para a morte de [Jeremias] Pondeca como uma morte que tem a ver com as negociações", mas sim como "uma figura que desaparece fisicamente enquanto está a decorrer um processo [de negociações] e que tinha alguma coisa a dizer dentro desse processo".
"Portanto, a olhar para as negociações, penso que elas ainda poderão continuar mesmo com a morte do Pondeca", afirmou.
Jeremias Pondeca, um dos membros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas negociações de paz e do Conselho de Estado em Moçambique, foi assassinado no sábado, em Maputo.
O corpo de Jeremias Pondeca, que também foi deputado em duas legislaturas, foi encontrado na praia da Costa do Sol "crivado de balas", num crime supostamente cometido por quatro homens, quando fazia os seus habituais exercícios matinais.
Gaudêncio Material adiantou ainda que, nesta fase em que decorrem as investigações pela polícia, a sociedade civil e os académicos devem "procurar não associar muito o assassinato e as negociações, porque se se associar bastante poderá haver mais tensão entre as partes, no sentido de comprometer mesmo o próprio processo das negociações".
Portugal, os EUA e a União Europeia (UE) já condenaram a morte de Jeremias Pondeca, encorajando o Governo e a Renamo a perseguirem a via do diálogo para o fim da crise política e militar.
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