Meteorologia

  • 05 NOVEMBER 2024
Tempo
21º
MIN 17º MÁX 22º

Exército da Birmânia nega abusos contra minoria muçulmana

Uma comissão de investigação criada pelo Governo da Birmânia negou hoje abusos do exército contra civis na zona onde vive a minoria muçulmana rohingya, como têm denunciado organizações internacionais.

Exército da Birmânia nega abusos contra minoria muçulmana
Notícias ao Minuto

07:25 - 15/12/16 por Lusa

Mundo Rohingya

A comissão foi criada este mês e foi-lhe atribuída a missão de esclarecer as causas de um ataque a 09 de outubro a postos policiais, que as autoridades atribuíram a elementos da minoria rohingya.

Esse ataque desencadeou uma operação de segurança do exército que dura há mais de dois meses, com ativistas e organizações internacionais a acusarem os militares de execuções, violações e queima de casas em aldeias dos rohingya.

Milhares de civis, a grande maioria rohingya, fugiram para o Bangladesh e o acesso à zona onde vivem na Birmânia foi fechado pelo exército a observadores independentes e às organizações de ajuda humanitária, que davam assistência a 150 mil pessoas naquela região.

O Governo da Birmânia negou as acusações e defendeu que a atuação das forças de segurança foi feita dentro da lei, algo que a comissão entretanto criada veio agora corroborar.

Esta comissão, liderada pelo vice-primeiro-ministro designado pelo exército, o general Mynt Swe, atribuiu os incidentes aos atacantes dos postos policiais, que classificou de "terroristas", e assegurou que a operação militar acabou com a violência.

"As preocupações entre a população civil reduziram-se e apareceram sinais de paz e estabilidade na região", indicou a comissão num relatório publicado hoje pelo jornal The New Global Light of Myanmar.

O texto assegura que os habitantes da região, na fronteira com o Bangladesh, negaram que militares tenham violado e assassinado mulheres, como noticiaram meios de comunicação social internacionais.

A comissão acrescenta que pediu ao Governo para serem melhoradas as condições de vida da população civil e manifesta esperança que a ajuda humanitária possa voltar à região.

A organização Human Rights Watch (HRW), de defesa dos Direitos Humanos, acusou esta semana o exército da Birmânia de ter queimado 1.500 casas em aldeias rohingya no noroeste do país.

Estas denúncias somam-me a outras de diversos ativistas e organizações que têm acusado o exército da Birmânia de abusos.

Segundo diversas entidades, pelo menos 21 mil rohingya fugiram já para o Bangladesh.

A HRW, as Nações Unidas e 14 representações diplomáticas na Birmânia pediram às autoridades que abram o acesso à zona à ajuda humanitária e a observadores.

Na semana passada, as Nações Unidas instaram também a líder de facto do Governo birmanês, a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, a proteger os rohingya.

O conselheiro especial do secretário-geral da ONU para a Birmânia, Vijay Nambiar, disse que a organização continua "seriamente preocupada" com a situação no estado de Rakhine e lamentou a atitude "defensiva" das autoridades, que evitam admitir os abusos, em vez de ajudarem os civis, falando em deceção a nível local e internacional.

A 25 de novembro, um representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) afirmou que a Birmânia está a fazer uma "limpeza étnica" da minoria muçulmana rohingya.

Mais de um milhão de rohingya vivem em Rakhine. A Birmânia não reconhece a cidadania aos rohingya -- que as Nações Unidas dizem ser uma das minorias mais perseguidas do planeta -- considerando-os imigrantes bengaleses, e impõe-lhes restrições, incluindo a privação de movimentos.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório