Rotura de relações com Taiwan foi medida "mais acertada" para São Tomé
O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada disse hoje que a rotura unilateral de relações com Taiwan foi "a mais acertada para São Tomé e Príncipe", tendo em conta a visão do Governo para o desenvolvimento do país.
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"A nossa visão de desenvolvimento passa pela abertura e cooperação com todos, passa pelo posicionamento de São Tomé e Príncipe. Nós temos a nossa agenda, temos os nossos interesses, nós temos a nossa programação e temos o compromisso com o povo de melhorar as suas condições de vida", disse Patrice Trovoada, em conferência de imprensa.
"No que diz respeito a Taiwan, decidimos o princípio de aderir a uma só China e ao aderir implica o corte das relações com Taiwan. O cenário internacional, há 20 anos, não é o mesmo de hoje", acrescentou.
O chefe do Governo recordou que a Republica Popular de China hoje é o maior parceiro bilateral do continente africano, "com uma relação estratégica muito importante com a União Africana" de que São Tomé faz parte, "é a segunda economia mundial e é membro permanente do Conselho de Segurança".
"Como eu digo, há uma evolução no contexto internacional que faz com que os interesses não possam ser preservados com uma política de discriminação de um Estado que tem esse peso e essa presença na cena mundial", justificou Patrice Trovoada, que defendeu a necessidade que o seu governo tinha em "reequilibrar esse posicionamento a nível internacional".
O primeiro-ministro tranquilizou os são-tomenses quanto a esta decisão, sublinhando que "os efeitos colaterais" da decisão, nomeadamente no que diz respeito aos estudantes em Taipé e aos projetos em curso no arquipélago, foram "perfeitamente acautelados e não trarão consequências de natureza penosa".
Patrice Trovoada anunciou para "dentro de alguns dias" a divulgação de algumas medidas tomadas para fazer face às consequências imediatas desta decisão, sublinhando que "é função do Governo encontrar alternativas".
"O Governo sabe o que faz, sabe o que está a fazer", garantiu, referindo-se aos apoios que nos últimos 20 anos o Governo taiwanês vem dando a São Tomé e Príncipe nas áreas da saúde, agricultura, energia, educação, incluindo os 15 milhões de dólares anuais de apoio ao Orçamento do Estado.
Questionado sobre se vai restabelecer imediatamente as relações com a China, Patrice Trovoada respondeu que o que o Governo fez na terça-feira foi "reconhecer o princípio de uma só China", e que "é evidente que esse princípio pode abrir a porta para o restabelecimento das relações diplomáticas com a China".
Referindo-se a informações segundo as quais a decisão unilateral do executivo são-tomense de romper as relações diplomáticas com Taiwan se deve à recusa de Taipé em aceder ao pedido de apoio financeiro de "uma quantia astronómica" de entre 100 e 200 milhões de dólares, Patrice Trovoada não confirmou nem desmentiu, sublinhando tratar-se de "declarações a quente".
"Nas relações de cooperação ninguém dá sem receber. As relações são relações de trocas, se falarmos das necessidades de São Tomé e Príncipe, dizer que 100 milhões são astronómicos para as necessidades do nosso país, digo que não é", considerou Patrice Trovoada.
O primeiro-ministro citou o projeto de alargamento do aeroporto internacional, avaliado em 200 milhões de dólares, o projeto do porto de águas profundas, avaliado entre 470 milhões e 800 milhões de dólares, ou a reabilitação completa das estradas do país, orçada em 100 milhões de dólares.
"Se a nível da cooperação São Tomé e Príncipe faz propostas de pedidos de financiamento e não donativos, são trocas com benefícios mútuos", disse o primeiro-ministro, acrescentando: "Eu não sou de tomar sem dar e nas relações internacionais não há boleias".
O Governo são-tomense abriu um período de 30 dias para "fazer essa transição" na cooperação entre os dois países e garante que a rotura da cooperação com Taipé faz parte de um pacote mais abrangente de decisões ao nível da política externa.
"Ontem uma das decisões teve a ver com as nossas relações com Taiwan, mas eu quero dizer que outras decisões irão acontecer, nomeadamente ligadas à nossa integração regional e ligadas à nossa participação também em algumas organizações internacionais", garantiu.
"Isso tem a ver com a busca de maior eficácia, nós somos um país extremamente dependente da ajuda externa, que não pode participar em todas as organizações internacionais, tem que participar naquelas que de facto correspondem à nossa visão estratégica", justificou o chefe do Governo são-tomense, sem avançar mais informações.
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