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Kosovo inquieto por novas tensões após detenção de ex-chefe rebelde

As autoridades do Kosovo manifestaram hoje inquietação pela detenção em França do ex-chefe rebelde Ramush Haradinaj e acusaram Belgrado de pretender provocar tensões e conflitos nos Balcãs.

Kosovo inquieto por novas tensões após detenção de ex-chefe rebelde
Notícias ao Minuto

15:15 - 06/01/17 por Lusa

Mundo Balcãs

A justiça sérvia acusa Haradinaj de crimes de guerra contra civis no decurso do conflito (1998-1999) entre as forças de Belgrado e os separatistas armados albaneses do Exército de Libertação do Kosovo (UÇK).

Esta guerra provocou 13.000 mortos e conduziu à secessão desta região através de um "protetorado internacional", e à sua posterior independência unilateral em 2008.

Primeiro-ministro durante um curto período entre 2004 e 2005, Ramush Haradinaj foi absolvido em 2010 pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ).

Atualmente líder da Aliança para o futuro do Kosovo (AAK), um partido da oposição ao Presidente Hashim Thaçi, foi detido na quarta-feira pela polícia francesa no aeroporto de Bâle-Mulhouse (leste), após a sua chegada.

No decurso de uma reunião do seu gabinete, o primeiro-ministro kosovar Isa Mustafa exprimiu hoje a "inquietação do Governo após esta detenção e os trâmites judiciais".

A detenção foi efetuada com base num mandado de detenção internacional emitido em 2004 pela justiça sérvia. Um mandado "politicamente motivado e hostil da parte de Belgrado", considerou Isa Mustafa.

O chefe do executivo kosovar considerou ainda "completamente ilegais" os mandados emitidos pelas autoridades judiciais sérvias e que "têm como objetivo claro provocar tensões, conflitos, e pôr em causa o processo europeu na região" e noutras locais.

"Haradinaj não é procurado por motivos políticos, mas devido a crimes de guerra graves cometidos contra os sérvios", replicou o ministro sérvio do Interior, Nebojsa Stefanovic.

Veteranos kosovares do conflito (1998-1999) promoveram hoje um protesto frente à embaixada da França em Pristina. E num 'twitter', o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, qualificou de "absurda" a detenção de Ramush Haradinaj.

Apoiada pela Rússia, a Sérvia não reconhece a independência do Kosovo, mas em 2013, sob a égide da União Europeia, foi concluído um acordo de normalização das relações entre Belgrado e Pristina.

Ramush Haradinaj tem manifestado oposição a esta "normalização de relações", desejada por Hashim Thaçi, seu antigo companheiro de armas e atual Presidente.

Antigo comandante da zona operacional de Dukagjin e chefe dos Águias Negras, uma unidade suspeita de ter torturado e morto no leste do Kosovo dezenas de pessoas, entre sérvios, roms (ciganos) e albaneses kosovares acusados de "colaboracionismo".

Haradinaj foi alvo de dois processos sucessivos no TPIJ. No final do segundo processo, em 29 de novembro de 2012, acabou por ser ilibado de todas as acusações.

A "guerra do Kosovo" teve como desfecho a separação desta antiga província do sul da Sérvia, com larga maioria de população albanesa, após uma campanha de bombardeamentos aéreos da NATO contra o país balcânico.

O Kosovo declarou a independência em 2008 e é atualmente reconhecido por 110 países representados na ONU (57%). A Sérvia, Rússia, China, Índia, Brasil entre outros, incluindo cinco Estados-membros da União Europeia (Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre), recusaram legitimar a independência kosovar.

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