Primeiro-ministro admite desacordo na cooperação entre Lisboa e São Tomé
O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, reconheceu hoje que São Tomé e Príncipe e Portugal estão em desacordo quanto à execução do Programa Estratégico de Cooperação (PEC,) assinado em setembro do ano passado.
© Lusa
Mundo Patrice Trovoada
"É preciso que toda a gente perceba que este Governo quer um pouco mais de resultados e coisas talvez um pouco diferentes. Nós estamos habituados a fazer as coisas da mesma maneira e nunca querer a inovação, nunca querer transformação", explicou Patrice Trovoada, em declarações a Radio e Televisão públicas são-tomenses.
O primeiro-ministro defendeu "a excelência" das relações entre os dois países, mas reconheceu que nem tudo vai bem.
"O PEC era para quatro anos, e a parte portuguesa, devido às suas dificuldades, passou-o para cinco anos. Um programa de cooperação que era para quatro anos agora ficou para cinco anos. Durante nove meses nós não tínhamos programa de cooperação", explicou.
"Todo o 2016 foi um ano branco, mas o país não parou. Parou?, não, o país continuou" acrescentou Patrice Trovoada, sublinhando que devido a esse "período branco" de falta de financiamento português, o seu Governo tinha que encontrar outro "caminho para sustentar os projetos, sobretudo o Projeto Saúde para Todos".
O primeiro-ministro são-tomense indicou que no rol dos programas de cooperação financiados pelo PEC, os setores da saúde e justiça estão a ser prejudicados por falta de entendimento entre os governos dos dois países.
Explicou que aquando da assinatura do novo PEC, o seu Governo queria fazê-lo "já com um formato diferente em que há projetos, há montante de financiamento, há um período definido, etc.", mas "Portugal quis uma outra filosofia e houve que fazer cedências".
"Há setores em que nós colocamos a nossa proposta na mesa, Portugal faz uma contra proposta e vamos ver como é que é. Ao nível da justiça fizemos uma proposta, Portugal disse que não estava disponível e propôs outras coisas, vamos ver se dizemos que sim ou que não", disse o chefe do Governo são-tomense.
"Voltamos de novo a discutir até que cheguemos aquilo que nós pensamos ser bom para Portugal e bom para São Tomé e Príncipe. Dentro de mais algumas semanas eu penso que todos os setores chegarão a um entendimento e poderemos assinar os projetos específicos", acrescentou Patrice Trovoada.
O embaixador português em São Tomé e Príncipe disse que o Governo português pretende implementar "uma nova filosofia" na implementação do acordo de Parceria Estratégica de Cooperação (PEC) entre os dois países.
"O que é importante reter nessa Parceria Estratégia é uma filosofia nova que queremos implementar, no sentido de tornar muito claro que os interesses são mútuos, a intervenção tem que ser também dos dois lados, pois a cooperação é uma avenida com dois sentidos", disse Luís Gaspar da Silva, no final de uma audiência em finais de outubro com o Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho.
"Vamos continuar a trabalhar com todo o empenho para o desenvolvimento de São Tomé, as nossas relações se aprofundarem cada vez mais e para que tudo de bom possa vir para os nossos dois povos", acrescentou.
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