Japão acusa militares sul-coreanos de usarem mulheres como escravas sexuais
Um político japonês acusou hoje soldados da Coreia do Sul de abusarem de mulheres durante a guerra, dias depois da polémica que causou ao afirmar que as escravas sexuais na Segunda Guerra Mundial foram uma necessidade militar.
© Reuters
Mundo Político
Numa declaração que provocou uma resposta de Seul e aumentou a tensão entre os dois países, o presidente da câmara de Osaka (centro do Japão), Toru Hashimoto, disse que militares sul-coreanos forçaram mulheres a serem escravas sexuais durante a Guerra do Vietname.
A escravidão sexual é uma questão particularmente sensível na Coreia, cuja população compôs grande parte das cerca de 200.000 "mulheres de conforto" forçadas a trabalhar em bordéis para os militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.
Na semana passada, Hashimoto declarou que estas mulheres desempenharam um "papel necessário" para manter na linha soldados oriundos da frente de batalha, desencadeando uma série de críticas de países ocupados pelo Japão nas décadas de 1930 e 1940, e também dos Estados Unidos.
Desde então, Hashimoto - co-líder do Partido da Restauração Japonês - continuou a atear a polémica, com novas declarações.
"O Japão esteve mal", disse num encontro partidário, noticiado pelo diário Asahi Shimbun. "É verdade que usámos mulheres para resolver o problema do sexo no campo de batalha. Posto isto, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha e a França, e até os militares da Coreia do Sul no Vietname e depois da Segunda Guerra Mundial, todos usaram mulheres para resolver a questão".
"O Japão esteve mal, mas temos que encarar a História. É isto que os políticos japoneses devem dizer", afirmou, de acordo com o Asahi.
Durante o regime militar Park Chung-hee, pai da atual presidente sul-coreana, Park Geun-hye, a Coreia do Sul destacou mais de 300.000 soldados no Vietname nas décadas de 1960 e 1970 para apoiar as forças dos Estados Unidos.
Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano disse que as classes políticas precisam de "corrigir formas de pensar anacrónicas".
"Não podemos deixar de considerar deplorável que o presidente da câmara de Osaka continue a fazer comentários que ferem os sentimentos das mulheres forçadas à escravidão sexual e tentar ocultar problemas fundamentais... com toda esta conversa sobre as ações dos soldados sul-coreanos", afirmou.
"Estamos realmente preocupados com a direção que os líderes japoneses estão a tentar imprimir ao país e com aquilo que estão a tentar ensinar à geração mais jovem", acrescentou.
Numa sondagem realizada no fim de semana, 75% dos inquiridos consideraram as declarações de Hashimoto inapropriadas.
De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, não há provas aceites internacionalmente de que outra força militar, além do Japão, tenha usado um sistema de escravidão sexual, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
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