Peregrinos chineses vêm a Fátima pedir a libertação da China
Um grupo de três cidadãos chineses empunhando a bandeira do seu país, curvaram-se respeitosamente à passagem do andor de Nossa Senhora de Fátima, no dia em que o papa canonizou os Jacinta e Francisco Marto.
© Reuters
Mundo Santuário
Wu Lei Ping, de 53 anos, acompanhado de duas compatriotas, questionado pela agência Lusa, afirmou que veio a Fátima "pedir à Virgem, que tal como libertou a Rússia liberte a China".
O peregrino que se deslocou pela primeira vez a Fátima, afirmou que "os católicos na China não são livres, vivem no medo, e não podem manifestar a sua fé". "Muitos são perseguidos", disse o peregrino acrescentando que conta voltar a Fátima, onde sentiu "uma forte emoção, especialmente porque coincidiu com a peregrinação papal".
"Quando decidimos vir, não sabíamos que o papa Francisco vinha, mas ficámos muito contentes", explicou.
A China e o Vaticano não têm relações diplomáticas e o Pequim insiste na nomeação de clero autónomo, fora das indicações da hierarquia católica.
Pequim e o Vaticano podem estar próximos de "normalizar as relações", mas a divisão da comunidade católica chinesa e a falta de um clero bem formado no país "preocupam Roma" e travam a aproximação, defendeu um investigador italiano.
"A China está agora mais aberta a ter laços com o Vaticano, à medida que se converte numa superpotência mundial, e vê que é importante ter relações com a principal fonte de poder de persuasão do mundo", assinalou o académico Francesco Sisci, especialista nas relações entre a República Popular da China e a Santa Sé, que romperam laços diplomáticos em 1951.
O italiano diz que algo está a mudar no diálogo entre Pequim e o Vaticano, mas que é difícil prever o desfecho.
O papa Francisco mostrou já uma maior vontade do que os seus predecessores para "projetar a Santa Sé no resto do mundo", de que é exemplo a sua recente viagem ao Egito ou a aproximação aos ortodoxos gregos e russos.
A aproximação à China, no entanto, continua a ser difícil, nomeadamente devido à situação do clero chinês, em que há casos de sacerdotes casados e com filhos, e comunidades divididas.
Roma "está preocupada com a qualidade do clero" chinês, explicou.
Sisci negou que exista uma "igreja clandestina" católica na China, oposta à oficial, regida pelo Partido Comunista e independente do Vaticano, mas admitiu diferenças e, por vezes, animosidades entre os católicos mais veteranos e os que acabaram de chegar à igreja, formados pelo regime comunista.
O especialista sublinhou que a "normalização das relações" vai demorar e poderá não significar necessariamente o estabelecimento de laços diplomáticos, recusado que o papa Francisco possa visitar a China a curto prazo.
"Seria um evento extraordinário, a China está consciente disso", mas ambos os lados são "muito cautelosos".
O académico assegurou que o papa é também cauteloso na sua aproximação a Pequim, já que esta "pode atrair críticas" entre os setores do Vaticano que se opõem à abertura de Francisco.
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