ONG brasileira coloca centenas de máscaras em protesto contra a corrupção
A organização não governamental (ONG) Rio de Paz manifestou-se hoje, em Brasília, contra a corrupção, colocando mais de 500 máscaras na explanada dos Ministérios, local onde estão os principais órgãos governamentais do Brasil.
© Lusa
Mundo Brasília
As máscaras simbolizam a vergonha que deve aparecer nos rostos de políticos do Brasil, um país afetado por diversos escândalos de corrupção.
No total, 595 máscaras foram penduradas em postes e colocadas no relvado, representando 513 deputados da câmara baixa, 81 senadores da câmara alta e também o chefe de Estado brasileiro, Michel Temer.
Deste total, 500 foram pintados de vermelho pela ONG, que considera que os outros 95 parlamentares que não foram pintados são os poucos que não se mancharam pelos escândalos de corrupção do Brasil.
A máscara representando o Presidente Michel Temer foi colocada sozinha antes de todas as outras, é escarlate, e ficou balançando de um lado para outro no vento, como se dissesse "não" com a cabeça.
"O vento ajudou a dar um tom mais dramático à cena", comentou Antonio Carlos Costa, fundador da associação Rio da Paz.
"Isso reflete perfeitamente a atitude dos políticos brasileiros quando confrontado com provas irrefutáveis: quando eles são acusados de corrupção, eles não coram de vergonha", considerou.
O Brasil está mergulhado há mais de dois anos numa crise política acentuada pelas contínuas suspeitas de corrupção que pendem sobre vários políticos, investigadas no quadro da operação Lava Jato.
Pagamentos ilegais por parte de empresas como a JBS, a construtora Odebrecht ou a petrolífera Petrobras levaram ao afastamento de dezenas de políticos, atingindo, entre outros, o ex-presidente do Congresso (parlamento) Eduardo Cunha e o candidato presidencial derrotado Aécio Neves (centro-direita).
O caso chegou a 18 de maio à Presidência com a abertura de um processo no STF ao Presidente brasileiro e o pedido de novas eleições (diretas ou via parlamento) está a ser subscrito agora por dirigentes dos partidos que apoiam o governo de Michel Temer.
Desde então, o Presidente tem recusado afastar-se do cargo, queixando-se de perseguição política por parte da justiça brasileira.
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