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Justiça turca anula proibição de viajar para a escritora Asli Erdogan

Um tribunal turco anulou hoje a proibição de viajar para o estrangeiro imposta à escritora Asli Erdogan, perseguida por "propaganda terrorista" num caso emblemático das restrições à liberdade de expressão na Turquia.

Justiça turca anula proibição de viajar para a escritora Asli Erdogan
Notícias ao Minuto

19:59 - 22/06/17 por Lusa

Mundo Liberdade

O requerimento da romancista de 50 anos para obter o fim da proibição de viajar -- que lhe foi imposta após ter sido ter sido libertada da prisão em dezembro em regime condicional -- e rejeitado pela primeira vez em março, foi aprovado hoje por um tribunal de Istambul.

Ao saudar uma "medida positiva", Asli Erdogan rejeitou uma vez mais as acusações de propaganda. "Estou inocente. Fizeram-me pagar apenas porque exprimi a minha opinião em nome da liberdade de expressão", declarou aos 'media' após a audiência.

Devido à proibição de sair de território turco, a escritora não esteve presente em diversas cerimónias no estrangeiro após ter sido contemplada com diversos prémios literários.

De acordo com a sua advogada, Erdal Dogan, ainda não é seguro que a escritora possa viajar para fora da Turquia, já que os passaportes das pessoas julgadas por atividades "terroristas" são confiscados ou anulados pelas autoridades no âmbito do estado de emergência em vigor desde o fracassado golpe militar de julho de 2016.

"A proibição de viajar foi levantada, mas o ministério do Interior deve agora decidir sobre esta questão", declarou.

A linguista Necmiye Alpay, 70 anos, também perseguida por acusações semelhantes e que foi libertada da prisão em simultâneo com Asli Erdogan, também viu anulada a sua proibição de viajar.

As duas intelectuais foram libertadas sob controlo judicial no final de dezembro após mais de quatro meses de prisão preventiva por terem colaborado no jornal pró-curdo Ozgür Gündem, encerrado em outubro por um decreto-lei após ser acusado de "propaganda terrorista".

No entanto, não foram absolvidas, e com sete outras pessoas ainda arriscam prisão perpétua. O processo foi adiado para 31 de outubro.

A detenção de Asli Erdogan, e os 132 dias em que esteve presa, suscitaram uma vaga de indignação na Turquia e no ocidente, na sequência das restrições impostas à liberdade de expressão após o golpe falhado de 15 de julho, seguido de purgas sem precedentes.

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