China intensifica advertências à Índia para que retire tropas
Pequim está a intensificar as advertências à Índia para que retire as tropas de uma zona disputada com o Butão, nos Himalaias, afirmando que a China se tem contido, mas que "a contenção tem limites".
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Mundo Himalaias
A Índia disse que as suas tropas entraram no planalto de Doklam (ou Donglang, em chinês), em junho passado, depois de o Butão, aliado de Nova Deli, ter reclamado que uma equipa do exército chinês estava a construir uma estrada dentro do seu território.
Pequim afirmou que a disputa não tem a ver com a Índia e exigiu que as tropas indianas deixem a região unilateralmente, como precondição para o diálogo.
A televisão estatal CCTV difundiu hoje um vídeo que mostra uma unidade do exército chinês a conduzir exercícios com fogo real numa parte do Tibete não identificada.
As imagens sugerem uma tentativa de aumentar a pressão sobre a Índia, na linha de comentários recentes das autoridades e imprensa de Pequim
Esta semana, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa chinês e o jornal oficial do Partido Comunista Chinês já avisaram que a China não vai recuar.
O porta-voz do Ministério da Defesa chinês Ren Guoqiang afirmou na quinta-feira que embora as tropas chinesas tenham demonstrado "extrema boa vontade" e "muita contenção... a contenção tem limites".
"Nenhum país deve subestimar a confiança das forças chinesas e a sua capacidade para salvaguardar a paz e a sua determinação e vontade em defender a soberania, segurança e interesses do desenvolvimento nacionais", afirmou Ren, em comunicado.
Apesar de China e Butão terem negociado, durante décadas, as fronteiras sem incidentes sérios, o pequeno reinado dos Himalaias pediu, desta vez, ajuda a Nova Deli, que enviou tropas através da fronteira, a partir do estado de Sikkim.
O Butão teme que a construção de uma estrada afete as negociações sobre a sua fronteira. Nova Deli afirmou que o envio de tropas visa mostrar às forças chinesas a necessidade de não se alterar o 'status quo' e que qualquer construção teria "sérias implicações para a segurança da Índia".
Na quinta-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros indiana, Sushma Swaraj, disse que a Índia está preocupada que as ações da China afetem a tripla fronteira entre o Butão, a China e Índia, assim como a fronteira entre a Índia e a China.
A responsável garantiu que a Índia "vai continuar a empenhar-se junto com a China para resolver a disputa".
"A guerra não é solução para nada", afirmou Swaraj. "Paciência, controlo nos comentários e diplomacia podem resolver os problemas".
Especialistas indianos apontaram que ao construir a estrada, a China poderá ganhar acesso a uma faixa estreita no território da Índia, conhecido como "corredor siliguri" (ou "pescoço da galinha"). Caso consiga bloquear esse corredor, o nordeste da Índia passa a estar isolado do resto do país.
Na quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês publicou um documento sobre "os factos" sobre as tropas indianas "invadirem" território chinês, apelando à Índia para que retire imediata e incondicionalmente.
A mesma nota indicou que Pequim vai trabalhar com o Butão para resolver a questão fronteiriça.
O documento afirmou que, no final de julho, mais de 40 soldados indianos continuavam na região, menos do que quando, em 16 de junho passado, mais de 270 tropas indianas armadas avançaram, com escavadoras, até 100 metros dentro da fronteira da China.
Em editorial publicado esta semana, o jornal oficial Diário do Povo acusou a imprensa e funcionários indianos de "inventarem todo o tipo de desculpas esfarrapadas" para a sua ação.
China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.
[Notícia atualizada às 11h58]
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