Edward Snowden, uma 'batata quente' para Moscovo
O ex-colaborador da CIA Edward Snowden terá muitas dificuldades em abandonar o aeroporto em que se encontra em Moscovo, sendo a recente proposta do Presidente da Venezuela vista como uma possibilidade da Rússia se livrar desta “batata quente”.
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Mundo CIA
Com o passaporte anulado pelas autoridades norte-americanas e as leis russas que impedem os passageiros de se manterem mais de 24 horas na zona de trânsito sem visto, crescem as possibilidades de Snowden ser detido pelas autoridades fronteiriças.
A proposta do Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, de que está disposto a estudar a possibilidade de conceder refúgio político a Snowden pode ser a forma de Moscovo se livrar desta "batata quente", que está a envenenar as já difíceis relações russo-americanas.
"Analisaremos esse pedido como em qualquer caso de refúgio, trata-se de defesa humanitário, de um mecanismo do direito humanitário internacional, muito difundido na América Latina e sempre utilizado para proteger os indefesos", declarou Maduro, que se encontra de visita ao Haiti.
Enquanto o problema não fica resolvido, os políticos russos tentam utilizar o caso para prejudicar a imagem dos Estados Unidos e justificar a política externa do Kremlin.
Alexei Puchkov, dirigente do Comité da Duma Estatal para Relações Internacionais, equiparou, no Twitter, Assange e Snowden aos dissidentes soviéticos.
"Assange, Manning e Snowden não são espiões e revelaram informação secreta não por dinheiro, mas por convicções. São os novos dissidentes, lutadores contra o sistema", considerou.
O vice-diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB) da Rússia e chefe do Serviço de Fronteiras, Vladimir Kulichov, reafirmou hoje que Edward Snowden não atravessou a fronteira da Rússia.
"Não, não atravessou", afirmou, citado pela Ria-Novosti.
A presença do ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos no aeroporto Sheremetievo, de Moscovo, coloca a Rússia numa situação muito desconfortável em relação aos Estados Unidos, que exigem a sua extradição.
A Wikileaks, organização que defende os interesses do norte-americano, escreve no seu Twitter que Snowden pode ficar para sempre na Rússia.
"A anulação do passaporte de Snowden e as ameaças contra os países intermediários poderão fazê-lo ficar na Rússia para sempre. Esse não será o melhor passo do Departamento de Estado (norte-americano)”, considera a organização dirigida por outro fugitivo, Julian Assange.
Porém, na terça-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, reafirmou que o seu país não irá extraditar Snowden, mas aconselhou-o a abandonar o mais rapidamente possivelmente o aeroporto rumo a qualquer outro país.
"Gostaria de não me dedicar a problemas desses, porque é o mesmo que tosquiar um porco: muito barulho, mas pouca lã", disse.
"Quanto mais depressa escolher o local final da sua permanência, melhor será para nós e para ele", acrescentou.
Putin sublinhou que Snowden "não atravessou a fronteira, por isso não necessita de visto".
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