"Turquia está a afastar-se a passos largos da Europa"
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou hoje que a Turquia está a afastar-se a "passos largos" da União Europeia (UE) e quer responsabilizar os europeus pelo eventual fracasso das negociações entre as duas partes.
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Mundo Jean-Claude Juncker
Num discurso perante os embaixadores da UE, Juncker ressalvou as "boas relações" que mantém com o presidente turco, Recep Erdogan, mas notou que a "Turquia está a afastar-se a passos largos da Europa".
O líder do executivo comunitário informou sobre a sua "suspeita" de que Ancara quer obrigar a Europa a "dizer que quer pôr fim às negociações para poder cobrar responsabilidades apenas à UE e não à Turquia", no âmbito da entrada turca para os 28.
As negociações de adesão da Turquia à UE, lançadas em 2005, estão atualmente em ponto morto, mas a maioria de países da comunidade não apoia uma suspensão formal devido ao receio de uma rutura definitiva na colaboração nas áreas migratória e da luta contra o terrorismo.
"A questão é se temos que colocar um fim nas negociações com a Turquia. É uma questão puramente teórica, até porque, de qualquer forma, não há uma negociação atualmente", acrescentou.
Juncker sublinhou que os europeus devem comportar-se para que se possa concluir que é o "sistema Erdogan" que impossibilitou a entrada da Turquia na UE.
As relações diplomáticas entre Ancara e Bruxelas pioraram consideravelmente após o fracassado do alegado golpe de Estado em julho de 2016 na Turquia, após o qual o presidente reforçou os poderes, em referendo.
Na Turquia foram lançadas perseguições sem precedentes contra os presumíveis elementos do movimento Gulle, acuado de instigar a tentativa de golpe de Estado, contabilizando-se mais de 50 mil detidos e mais de 100 mil pessoas destituídas.
O dia em Bruxelas está ainda a ser marcado pelo segundo dia consecutivo das negociações com o Reino Unido, no contexto do abandono do país da UE, o denominado Brexit, no âmbito do resultado de um referendo.
Comentando os novos documentos para definir o 'divórcio' entregues pelos britânicos, Juncker manifestou a sua insatisfação e garantiu que "há muitas questões que se mantêm por resolver".
Em março, o governo de Theresa May acionou o artigo que prevê uma negociação até dois anos para a saída de um país da comunidade, tendo as conversações começado efetivamente em junho.
Esta é a terceira ronda de conversas a alto nível, com Juncker a reforçar os comentários feitos na segunda-feira pelo negociador comunitário, Michel Barnier, sobre a velocidade demasiado lenta do governo britânico e a necessidade de chegar acordo sobre pontos essenciais antes de definir a futura relação política e comercial.
Ao pedido de "flexibilidade e imaginação" do negociador britânico David Davis, Juncker afirmou que "deve ficar muito claro" que a UE não avançará com outras negociações antes da resolução das questões da saída.
"Primeiro resolvemos o passado, antes de imaginar o futuro", resumiu.
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