Arábia Saudita em lista negra da ONU pela morte de crianças no Iémen
A coligação militar liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen foi colocada numa lista negra da ONU pela morte e ferimentos graves em cerca de 700 crianças e ataques da escolas e hospitais em 2016.
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Mundo Coligação
A inclusão na lista negra desta coligação apoiada pelos Estados Unidos era aguardada com alguma expectativa, pelo facto de em 2016 ter sido incluída nesta lista, mas de seguida retirada pelo então secretário-geral Ban Ki-moon, após intensa pressão da Arábia Saudita.
Pela primeira vez, a nova lista, obtida hoje pela agência noticiosa Associated Press (AP), foi dividida em duas partes pelo atual secretário-geral da ONU, António Guterres.
Uma das listas identifica os que recrutam, utilizam, matam, ferem, raptam ou abusam sexualmente de crianças num conflito armado, ou atacam escolas e hospitais e não promoveram qualquer ação para melhorar a proteção das crianças.
A segunda, que inclui a coligação liderada pela Arábia Saudita, identifica as partes que "puseram em prática medidas durante o referido período para melhorar a proteção das crianças".
No entanto, o relatório do secretário-geral não especifica que género de medidas terão sido adotadas, precisa a AP.
"No Iémen, as ações da coligação conduziram objetivamente à morte e ferimentos em muitas crianças, com 683 baixas em crianças atribuídas a esta parte [no conflito], e como resultado de ser responsável por 38 incidentes verificáveis, por ataques a escolas e hospitais durante 2016", referiu António Guterres ao justificar a sua inclusão na lista.
Em junho de 2016 Ban Ki-moon anunciou que retirava temporariamente a coligação da lista negra, em particular porque os seus apoiantes ameaçavam suspender os fundos para diversos programas da ONU. Na ocasião, Ban referiu ao Conselho de Segurança que se revia no relatório que implicara a inclusão na lista, ao acusar a coligação de ter morto ou ferido cerca de 1.200 crianças em 2015.
Ainda hoje, pelo menos dez civis, incluindo quatro crianças e duas mulheres, foram mortos em bombardeamentos da coligação em duas províncias do norte do Iémen, referiram os 'media' controlados pelos rebeldes iemenitas xiitas Huthi.
A situação no Iémen registou um súbito agravamento em março de 2015 na sequência da intervenção da coligação árabe liderada pela Arábia Saudita, em apoio ao Presidente Abd Rabbo Mansour Hadi e com o objetivo de contrariar o avanço dos combatentes Huthi.
Aliados do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh, os Huthi assumiram o controlo de vastas regiões do país, incluindo a capital Sanaa.
A ONU tem sugerido sistematicamente uma trégua para permitir a distribuição de ajuda humanitária, mas as mediações da organização, e pelo menos sete declarações de cessar-fogo não tiveram sucesso até ao momento.
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