Detectado um dos maiores núcleos de formação de estrelas
Uma equipa internacional de astrónomos e astrofísicos obteve imagens de um dos maiores núcleos de formação de estrelas alguma vez descobertos na Via Láctea, confirmou hoje à agência Lusa Ana Duarte Cabral, um dos membros da equipa.
© Reuters
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"É um dos núcleos de formação estelar mais massivos observados até hoje na nossa galáxia, especialmente numa fase tão precoce de evolução", sublinhou a investigadora do Laboratório de Astrofísica de Bordéus, em França.
A equipa conseguiu obter imagens de um "útero estelar", ou "núcleo de formação estelar", com cerca de 500 vezes a massa do Sol e que ainda está a crescer, refere o Observatório Europeu do Sul (OES) em comunicado.
Ana Duarte Cabral assinalou que as "estrelas massivas são objetos raros e formam-se muito rapidamente", pelo que "a probabilidade de encontrar um tal núcleo em formação é extremamente difícil".
Os cientistas usaram o radiotelescópio ALMA, o maior do mundo, inaugurado em março e em cuja construção Portugal participou enquanto país-membro do OES.
A equipa pensa que, no centro desse "útero estelar", numa nuvem escura, a cerca de 11 mil anos-luz da Terra, poderá estar a formar-se uma estrela gigantesca, com uma massa que poderá atingir as 100 massas solares, "um monstro muito raro", segundo o OES.
A astrónoma portuguesa, especialista em estádios primários de formação de estrelas, adiantou que se trata ainda de uma estrela embrionária, uma estrela não-adulta, que está a crescer, "a alimentar-se" do material do "útero estelar" e da "nuvem-mãe".
Porém, uma estrela, ressalvou, "com potencial" para ser gigantesca, com uma massa muito grande, cem vezes a do Sol.
As estrelas embrionárias são o centro dos "úteros estelares" ou "núcleos de formação estelar", que, por definição, dão origem a estrelas individuais ou a pequenos conjuntos de estrelas (sistemas estelares).
Ana Duarte Cabral explicou que as estrelas formam-se em "nuvens gigantescas de gás e poeira interestelar", regiões escuras, densas e frias, com 250 graus centígrados negativos.
"Conforme estas nuvens evoluem, vão-se contraindo e, eventualmente, nas regiões mais densas, formam-se núcleos de formação estelar", precisou.
As imagens captadas pelo radiotelescópio ALMA permitiram concluir, de acordo com Ana Duarte Cabral, que o gás da nuvem escura, no centro da qual poderá estar a formar-se uma estrela gigantesca, com uma massa muito elevada, "demonstra uma dinâmica espetacular, onde vários filamentos da nuvem parecem convergir" para o "útero estelar".
Para a astrónoma, o "colapso global" da nuvem "teria sido capaz de fornecer toda a massa" que se encontra no "útero estelar" a alimentar a estrela embrionária.
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