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"Não estou em Bruxelas para pedir asilo político"

O líder destituído, da também destituída Generalitat, falou esta terça-feira aos jornalistas a partir de Bruxelas e recorrendo a vários idiomas em catalão, espanhol e francês.

"Não estou em Bruxelas para pedir asilo político"
Notícias ao Minuto

12:03 - 31/10/17 por Inês André de Figueiredo

Mundo Carles Puigdemont

Depois dos rumores de que tinha partido para Bruxelas para pedir asilo político, Carles Puigdemont, o presidente destituído do governo regional da Catalunha, falou pela primeira vez depois dele e os seus governantes serem acusados de "rebelião, sedição e fraude".

A violência que Puigdemont quer travar

A partir de Bruxelas, o destituído líder catalão recordou que a paz será a grande prioridade neste processo e que recusa o uso da violência. "Não se pode construir a República com violência. Se o Estado espanhol quer levar este processo com violência, não nos podem arrastar", declarou, acrescentado que "todas as decisões são coerentes com os valores da paz".

"O caos começou no dia 1 de outubro com a violência de Espanha", recordou Puigdemont, apontando o dedo a Madrid relativamente ao que aconteceu no dia do referendo.

Nesta senda, Carles Puigdemont deixou claro que a Generalitat prefere "não entrar em confrontos", o que o levou a fazer um apelo à União Europeia. 

O asilo que, afinal, não está nos planos

"A Catalunha é um problema europeu. Estou em Bruxelas para obrigar a União Europeia a encontrar uma solução", frisou, ressalvando que nenhum funcionário do governo catalão foi incentivado a abandonar os cargos ou trabalhos, ou a mostrar-se contra o governo espanhol.

"Não estou em Bruxelas para pedir asilo político", assegurou, realçando que os membros do governo que estão em Bruxelas o fizeram devido a uma agenda "estritamente europeia". "Não tivemos nenhum outro tipo de contacto". Para além do mais, o catalão realçou que todos são "cidadãos europeus", o que permite "circular livremente".

Questionado sobre quanto tempo vai permanecer em Bruxelas, foi evasivo, respondendo que "tal depende" das circunstâncias, mas garantindo que regressará de imediato se lhe forem dadas "garantias", deixando assim em aberto o cenário de fazer campanha até às eleições regionais de 21 de dezembro desde a capital da União Europeia, onde as instituições não o "reconhecem", tendo já por diversas vezes feito saber que o seu único interlocutor é o Estado espanhol e o Governo de Mariano Rajoy.

As eleições, os resultados e o pedido de compromisso

Em relação às eleições do próximo dia 21 de dezembro, o líder destituído quer perceber quais os partidos que se opõem ao artigo 155.º evocado por Madrid, mas garante que os resultados irão ser respeitados. 

"Vamos respeitar os resultados das eleições de 21 de dezembro, como sempre fizemos. [Mas] quero fazer uma pergunta ao governo espanhol: 'Vai fazer o mesmo?'", questionou. "Quero um compromisso claro por parte do Estado. Vai respeitar os resultados ou não?", reforçou.

O presidente catalão destituído acusou ainda o executivo de Rajoy de estar a politizar a justiça espanhola e referiu que o estado do seu país o quer "meter na cadeia" por estar a cumprir o seu programa eleitoral.

Enquanto Carles Puigdemont se explicava, no "Press Club" em Bruxelas, cujas instalações, localizadas bem perto das instituições da União Europeia, foram hoje demasiado pequenas para acolher mais de uma centena de jornalistas, no exterior, dezenas de manifestantes, com bandeiras espanholas e catalãs e "vivas" à Espanha e à Catalunha, gritavam "cobarde, cobarde" ao ex-presidente da Generalitat, que assegurou que não está a fugir à Justiça espanhola, mas admitiu que só regressará a Espanha quanto tiver "garantias imediatas de um tratamento justo, com separação de poderes", o que considera não ser o caso. 

[Notícia atualizada às 12h43]

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