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ERC 'descarta' Puigdemont e vai a eleições com projeto próprio

O partido que surge em primeiro nas sondagens para as eleições de 21 de dezembro apresentou hoje os seus cabeças de lista. Oriol Junqueras (na foto), que foi 'vice' de Puigdemont, é o número um da ERC.

ERC 'descarta' Puigdemont e vai a eleições com projeto próprio
Notícias ao Minuto

20:10 - 11/11/17 por Pedro Bastos Reis

Mundo Catalunha

As eleições autonómicas na Catalunha estão marcadas para o próximo dia 21 de dezembro e desde que estas foram marcadas que foi criada uma enorme expectativa relativamente a quem iria estar presente nas listas dos partidos independentistas, nomeadamente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que antes de Madrid acionar o artigo 155.º e destituir a Generalitat, estava coligada com o Partido Democrata Europeu Catalão PDECat (PDECat), de Carles Puigdemont.

Com o líder catalão destituído em Bruxelas, começaram a surgir críticas dentro da própria coligação independentista. Antes disso, já o clima era tenso, surgindo mesmo rumores de que o seu número dois, Oriol Junqueras, teria entrado em confronto com Puigdemont. Terá sido por esse motivo que a declaração de independência, que acabou por ser feita a 27 de outubro, foi adiada.

Este sábado, a ERC quebrou o silêncio relativamente às eleições e garantiu que se vai apresentar no dia 21 de dezembro com um projeto próprio. A pressão para que o PDECat, em queda nas sondagens, integrasse a candidatura acabou por cair por terra, afirma o jornal catalão La Vanguardia.

Assim sendo, a candidatura da ERC será liderada por Oriol Junqueras, que está, atualmente, detido. O ‘vice’ catalão destituído espera fazer campanha a partir da prisão, e, segundo as sondagens, o seu partido é o mais bem posicionado para vencer as eleições.

Para além de Junqueras, as listas da ERC vão ainda contar com dirigentes que, tal como Puigdemont, estão em Bruxelas. Por Barcelona, os restantes cabeças de lista serão Marta Rovira e Raul Romeva. Dolors Bassa, Roger Torrent e Anna Caula avançam por Girona.

O El País diz ainda que o partido de Esquerda, que hoje teve o seu conselho nacional, tem um lugar guardado para Carme Forcadell, presidente do parlamento catalão destituída, que saiu em liberdade depois de pagar uma caução de 150 mil euros. Tal como outros deputados e conselheiros, está acusada de rebelião, sedição e desvio de fundos públicos, utilizados para a realização do referendo de 1 de outubro, que deu uma vitória de 90%, com 40% de participação, ao ‘sim’ pela independência, ato eleitoral que, contudo, foi considerado inconstitucional por Madrid.

Nas listas divulgadas hoje pela ERC, um dos nomes que salta à vista pela ausência é Anna Simó, que decidiu não as integrar. A decisão terá sido pessoal, segundo a própria afirmou.

ERC não fecha a porta a “compromissos republicanos”

Ao ser excluído da candidatura do principal favorito à vitória nas eleições autonómicas, Carles Puigdemont, que está impedido de sair de Bruxelas, fica numa posição ainda mais complicada. O seu partido, PDECat, surge apenas em quarto lugar nas sondagens e, por este caminho, arrisca uma derrota humilhante a 21 de dezembro.

Marta Rovira, secretária-geral da ERC e uma das cabeças de lista do partido em Barcelona, está confiante na vitória e considera que as listas apresentadas representam uma candidatura que permitirá “restabelecer a democracia, a liberdade e construir a república”.

“Vamos arrancar as instituições democráticas das mãos do governo espanhol. Não aceitamos que seja o governo da nação a dizer o que podemos e o que não podemos fazer no parlamento”, afirmou Rovira, citada pelo La Vanguardia.

Realçando que a candidatura da ERC é transversal, deixou uma porta aberta a “compromissos republicanos de todos os candidatos e candidaturas que defendam os valores democráticos” desde que em “absoluta coordenação e cooperação com a diversidade da Catalunha”.

Assim, ao afastar Puigdemont, Rovira não esconde a possibilidade de, após as eleições, contar com o PDECat para formar uma maioria fundamental para seguir o caminho da criação de uma república catalã. Para tal, necessita também da CUP, um partido de extrema-esquerda, e uma das vozes mais ativas e reacionárias pela proclamação da independência. Resta saber se, mesmo com uma vitória, os independentistas serão maioria no futuro parlamento catalão. 

Este sábado ficou ainda marcado por uma manifestação em Barcelona, em que cerca de 750 mil  pessoas saíram às ruas para exibir "liberdade para os presos políticos".

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