Transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém aumenta pressão
A Liga Árabe advertiu hoje os Estados Unidos contra a eventual decisão de deslocar a embaixada norte-americana de Telavive para Israel, considerando-a um "assalto claro" contra a nação árabe.
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No decurso de uma reunião de delegados de países membros, o secretário-geral da instituição pan-árabe, Ahmed Abul Gheit, sublinhou "o perigo desta questão, caso tal aconteça", e as "consequências negativas, não apenas para a situação na Palestina, mas também na região árabe e islâmica".
O responsável também considerou que uma eventual transferência da embaixada norte-americana representaria "uma ameaça à estabilidade regional" e "poria termo ao papel dos Estados Unidos como mediador de confiança entre os palestinianos e as forças [israelitas] de ocupação".
O comunicado hoje divulgado refere que uma eventual transferência da embaixada dos EUA seria "um assalto claro contra a nação árabe, os direitos dos palestinianos e de todos os muçulmanos e cristãos", e poderia originar uma nova escala de violência na região.
Tal decisão significaria um reconhecimento pelos EUA de Jerusalém, cuja parte oriental foi anexada por Israel em 1967, como capital do Estado hebraico.
No entanto, a comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital de Israel e as embaixadas estrangeiras estão instaladas em Telavive.
Os palestinianos, que representam cerca de um terço da população da cidade, consideram Jerusalém oriental como a capital do Estado a que aspiram.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, deverá decidir se renova - como fizeram semestralmente todos os seus antecessores e ele próprio em junho - uma cláusula de salvaguarda à lei que impõe, desde 1995, a instalação da embaixada norte-americana em Jerusalém, ou se avança com a mudança, como prometeu durante a campanha.
Na perspetiva de diversos observadores citados pela agência noticiosa France-Presse (AFP), Trump poderá optar por uma terceira via, que consistiria em rejeitar a transferência da embaixada, mas reconhecer mais ou menos oficialmente Jerusalém como capital de Israel. Segundo os media e responsáveis norte-americanos, a decisão poderá ser anunciada hoje ou na quarta-feira.
Na segunda-feira à noite, a Casa Branca anunciou que a decisão de Trump fora adiada, mas Hogan Gidley, um porta-voz da Casa Branca, afirmou que a decisão do Presidente não era "uma questão de 'se', mas uma questão de 'quando'".
Perante este adiamento, a pressão internacional tem-se intensificado.
"Senhor Trump, Jerusalém é uma linha vermelha para os muçulmanos", advertiu hoje o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Presidente em exercício da Organização de cooperação islâmica (OCI), Erdogan precisou que, caso Washington reconheça Jerusalém como capital de Israel, será organizada uma cimeira dos 57 países membros "entre 5 e 10 dias" depois.
A União Europeia (UE) também alertou hoje contra as repercussões de semelhante decisão. "Deve ser encontrada uma solução através de negociações para resolve o estatuto de Jerusalém como futura capital de dois Estados (israelita e palestiniano), de forma a responder às aspirações das duas partes", declarou o chefe da diplomacia da União, Federica Mogherini, ao receber o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson.
A Arábia Saudita exprimiu ainda hoje a sua "profunda inquietação" sobre a possível decisão de Washington, enquanto a Jordânia tinha alertado no domingo contra "uma iniciativa com graves consequências" e os riscos de uma "escalada".
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