Rebeldes de Casamança condenam massacre de 13 jovens e negam envolvimento
A rebelião independentista de Casamança condenou hoje o massacre de 13 jovens numa floresta desta região do sul do Senegal, negando qualquer envolvimento e defendendo a continuação do diálogo para um conflito que se prolonga há 35 anos.
© Reuters
Mundo Rebeldes
A "condenação firme" do massacre de sábado passado está no sítio do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC), organização que exige a secessão da província homónima do sul do Senegal, que faz fronteira com o norte da Guiné-Bissau e que está ao redor da Gâmbia, país independente encravado em território senegalês.
Considerado suspeito por vários observadores de estar na origem do recomeço da violência numa região que conhece há vários anos uma certa acalmia, o movimento rebelde exige às autoridades senegalesas para que "orientem as investigações" do massacre para as autoridades administrativas e militares locais.
Para o MFDC, que se fragmentou em numerosas alas (política, política moderada, política radical, militar, militar moderada e militar radical, todos ainda divididos entre alas externa e interna), os responsáveis administrativos e militares de Casamança "lideram uma vasta rede clandestina de abate e venda ilícita de madeira de teca".
A teca é uma árvore bastante procurada, pois a madeira é de excelente qualidade, e Casamança é uma das zonas mais arborizadas, sendo alvo de grande polémica e de tráfico.
No comunicado, o MFDC liga o massacre de sábado, que ocorreu próximo de Ziguinchor, capital da província, a um conflito entre os madeireiros locais, cuja "forte concorrência criou uma atmosfera de animosidade entre eles", pelo que se tratou de "um ajuste de contas".
"O MFDC continua na sua dinâmica de abertura ao diálogo em favor de uma saída honrosa para o conflito de Casamança e não se distrairá nem desorientará pelos sabotadores da paz", escreve-se no documento do movimento independentista.
"A ala política interna e externa do MFDC demarca-se desse ato odioso. Vamos agora às matas para averiguar as responsabilidades", disse, por seu lado, um responsável do movimento em Ziguinchor, Oumar Ampaye Bodian, citado pela rádio privada Sud FM.
O ataque ocorreu no sábado quando elementos armados atacaram um grupo de jovens numa floresta de Bayotte, nos arredores de Boutoupa. Treze morreram, nove ficaram feridos e dois conseguiram escapar, dando então o alerta às autoridades locais.
O ataque ocorreu um dia após a libertação de dois combatentes do MFDC, libertados pelo exército na sequência de uma mediação da Comunidade de Santo Egídio de Roma entre o Estado senegalês e representantes dos rebeldes.
Nos votos de ano novo, o Presidente senegalês, Macky Sall, apelou aos rebeldes de Casamança para o prosseguimento de conversações na perspetiva de "uma paz definitiva".
A rebelião pela independência de Casamança, que decorre desde 1982, provocou milhares de vítimas, civis e militares, a ruína económica da região e motivou ainda milhares de deslocados e refugiados.
O massacre de sábado está a pôr à prova o processo de paz em Casamança relançado em outubro sob a égide da Comunidade de Santo Egídio, mas o MFDC insistiu que o incidente não o porá em causa.
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