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Refugiados devem ser integrados através de políticas públicas eficazes

O académico brasileiro Marco Antônio Marques da Silva defendeu hoje que os refugiados devem ser efetivamente integrados nos países de acolhimento, com respeito pelos seus direitos, através de políticas públicas eficazes.

Refugiados devem ser integrados através de políticas públicas eficazes
Notícias ao Minuto

16:19 - 16/01/18 por Lusa

Mundo Académico

"O compromisso de uma sociedade que se diz humana, democrática e solidária é que se integre os refugiados", disse à Lusa o professor na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no Brasil, à margem do encontro "Os Refugiados e os seus Direitos", que decorreu hoje na Universidade Europeia, em Lisboa.

Marques da Silva, que é também juiz desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo, disse ainda que esta integração dos refugiados, claramente "não é realizada de imediato, de forma mágica, mas deve ser feita de uma forma realística e humana".

O académico, também presidente da cátedra Sérgio Vieira de Melo ACNUR/ONU na PUC-SP (criada em 2004), indicou que é preciso "efetivas políticas públicas de integração dos refugiados na sociedade".

Por seu lado, Rui Guerra Fonseca, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e do curso de Direito na Universidade Europeia, referiu ainda a importância da negociação dos países, no âmbito da ONU, para um acordo global sobre os refugiados.

"Este acordo pode levar a uma harmonização" das regras e estatutos dos refugiados no mundo, "podendo ser uma oportunidade muito importante" para ouvir outros setores sobre o assunto, podendo ainda "sair resultados imprevistos, positivos", disse.

Marques da Silva disse ainda que a cátedra Sérgio Vieira de Melo tem "a finalidade de congregar outras iniciativas (nacionais e internacionais) para tentar retirar as grandes barreiras com relação aos refugiados, que são literalmente expulsos das suas terras, integrando-os nos diversos setores de sociedade, seja no Brasil, seja na Europa, seja nos Estados Unidos".

"A ideia é trabalhar estes temas e esta cátedra criada nas universidades tem esta finalidade, para que as novas gerações possam sensibilizar em relação ao tema e repassar para a sua família, amigos no trabalho", sublinhou Marques da Silva.

"No que toca aos refugiados, o que está a acontecer aqui na Europa também acontece no Brasil, pois não adianta só receber os refugiados e não dar condições e respeitar os seus direitos, deixá-los de lado", disse o professor da PUC.

Marques da Silva disse que o Brasil, nos últimos anos, recebeu mais de 200 mil refugiados, nomeadamente da América Latina (Haiti e Venezuela), da Síria, de África, entre outros, mas que não está efetivamente a conseguir integrar ou responder aos direitos básicos destes.

"Estes números são oficiais, mas nós acreditamos que existam mais do dobro de refugiados no Brasil", disse Marques da Silva, indicando que o país recebeu, nomeadamente, 60 mil refugiados sírios.

Evani Zambon Marques da Silva, psicóloga judiciária e professora doutora da PUC-SP, declarou ainda, durante o mesmo encontro, que no Brasil cerca de 50% dos refugiados tem entre 0 e 18 anos, uma população que necessita ainda mais de cuidados por parte do Estado.

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