Puigdemont vai pedir autorização para ser investido mas quer "garantias"
Conhecida a decisão do tribunal constitucional, que proibiu a investidura à distância de Puigdemont para presidente da Generalitat, o líder do Juntos pela Catalunha prepara-se para pedir autorização ao juiz do supremo tribunal para regressar a Espanha e ser investido na próxima terça-feira. Bloco independentista garante apoio incondicional ao candidato proposto por Roger Torrent, mas deputado da ERC admitiu que pode "sacrificar" Puigdemont.
© Reuters
Mundo Catalunha
Carles Puigdemont, exilado em Bruxelas desde outubro, poderá estar perto de regressar a Espanha. Quem o diz é o deputado do Juntos pela Catalunha Josep Rull que, em entrevista à Catalunya Ràdio, revelou que o ex-presidente da Generalitat (governo catalão) vai pedir autorização ao juiz do supremo tribunal, Pablo Llarena, para participar na sessão de investidura marcada para a próxima terça-feira no parlamento catalão.
Esta decisão surge depois de o tribunal constitucional espanhol ter decidido que, caso queira ser investido presidente da Generalitat, Puigdemont terá de regressar a Espanha e, depois, obter autorização judicial de Pablo Llarena, uma vez que existe um mandato de busca e captura para o líder do Juntos pela Catalunha, acusado de sedição e rebelião depois de ter declarado, em outubro, a independência unilateral da Catalunha.
Neste sentido, o constitucional decidiu que a investidura não pode ser feita por voto delegado ou por videoconferência, o que contraria as intenções dos independentistas, uma vez que Puigdemont estaria a estudar a hipótese de tomar posse à distância, nomeadamente no parlamento flamengo. A decisão do tribunal constitucional rejeitou ainda o pedido do governo de Madrid, que queria que a sessão de terça-feira fosse suspensa.
Na entrevista dada à Catalunya Ràdio, Rull diz que Puigdemont quer regressar a Espanha “mas com garantias”. Ou seja, estará disposto a ser detido com a condição de que possa marcar presença na sessão de terça-feira e, desta forma, possa ser investido líder da Generalitat, tal como está proposto pelo presidente do parlamento catalão, Roger Torrent.
A autorização para Puigdemont marcar presença não poderá ser feita por carta, pelo que terá de ser realizada na presença de Pablo Llarena. O advogado de Puigdemont, Jaume Alonso-Cuevillas, estará a trabalhar no sentido de solicitar a autorização, diz o El País.
Independentistas unidos em torno de Puigdemont. Ou talvez não?
O tempo começa a apertar para que Puigdemont possa ser investido já na próxima terça-feira, no entanto, o bloco independendista parece unido em torno da sua candidatura.
Este domingo, depois de uma pequena polémica, todos os partidos favoráveis à independência catalã reiteraram o seu apoio a Puigdemont, garantindo que não tencionam apoiar outro candidato.
Também em entrevista à Catalunya Ràdio, Carles Riera, do partido de extrema-esquerda CUP, disse que “não aceitaremos nenhum outro candidato para além do que foi aceite pelo nosso parlamento”. “Uma coisa é Puigdemont ser ou não investido por decisão do parlamento. O que não pode ser é que seja Espanha a impor quem pode ou não ser presidente”, sublinhou.
Contudo, o deputado Joan Tardá, da ERC, deu uma entrevista esta manhã ao jornal catalão La Vanguardia onde admitiu que Puigdemont poderá ter de ser “sacrificado”, o que gerou um enorme mal estar no bloco independentista, em particular no Juntos pela Catalunha.
“Se é imprescindível ter governo, e se tivermos de sacrificar Puigdemont, então teremos de o sacrificar”, disse Tardà, que mais tarde acabou por corrigir as suas afirmações. “Puigdemont e Junqueras são o nosso presidente e vice-presidente respetivamente. O bem superior é preservar a vitória independentista titânica do 21-D [eleições autonómicas de 21 de dezembro, que deram nova maioria ao bloco independentista]”.
Depois desta confusão, chegaram, da ERC, terceiro partido mais votado nas últimas eleições, mais vozes de apoio a Puigdemont. Sergi Sabrià, em declarações à Rac1, garantiu que o bloco independentista está unido em torno da investidura de Puigdemont. “Agora que o embate é mais feroz do que nunca, deve ser claro que Puigdemont deve ser o nosso candidato, o candidato de todos os que se sintam democratas”.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com