França quer combater radicalização com reforço nas escolas privadas
O primeiro-ministro de França anunciou hoje um plano de 60 medidas para combater a radicalização islâmica naquele país, destacando, entre outros aspetos, o reforço do controlo das escolas privadas com gestão autónoma, algumas de natureza confessional.
© Reuters
Mundo Controlo
Edouard Philippe defendeu a promoção nestas instituições de ensino privado, que contam com uma população escolar de cerca de 60 mil alunos (0,5% do número total de alunos em França), de "uma reflexão crítica" para combater as "teorias de conspiração".
Atualmente em França existem cerca de 1.300 escolas privadas com gestão autónoma. A maioria são instituições laicas, que apostam em abordagens pedagógicas alternativas, mas também existem perto de 300 que têm uma natureza confessional: 160 católicas, 50 judias, 40 muçulmanas e 30 protestantes.
Em declarações ao canal de televisão privado francês BFMTV, o ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, reconheceu que este tipo de instituições de ensino têm sido uma fonte de "fundamentalismo e de radicalização".
O ministro admitiu, no entanto, que essa situação não é exclusiva destas instituições e que outras escolas, sem especificar, também registaram episódios de radicalização.
O plano anti-radicalização, o terceiro que as autoridades francesas apresentam desde 2014, dá uma particular atenção à integração de jovens menores que fugiram das guerras na Síria e no Iraque, mas também ao isolamento dos 1.500 extremistas islâmicos que se encontram atualmente detidos em prisões francesas para que não possam "contaminar" os restantes presos.
"Lutar contra a radicalização islâmica é lutar contra todos aqueles que dizem que a religião muçulmana é contrária aos valores da República", disse o primeiro-ministro francês, acrescentando que os mecanismos de acompanhamento para tentar acabar com o radicalismo de milhares de jovens serão igualmente reforçados.
França tem sido um dos países europeus mais visados nos últimos anos por ataques cometidos por extremistas, muitas vezes perpetrados por um ou dois indivíduos. Diversas vezes, os ataques têm visado elementos das forças de ordem francesas.
Após os atentados de Paris, em novembro de 2015, o país testemunhou, entre outros incidentes, o assassínio de um padre por dois extremistas islâmicos quando celebrava uma missa matinal no verão de 2016 ou a morte em abril de 2017 do polícia Xavier Jugelé, que foi abatido a tiro na avenida parisiense dos Campos Elísios por um extremista, ataque que seria reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
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