O Conselho de Segurança da ONU aprovou de forma unânime o cessar fogo de 30 dias na Síria. A votação já havia sido adiada mais do que uma vez, mas agora os 15 membros do já citado conselho das Nações Unidas chegaram a acordo sobre o cessar-fogo humanitário de um mês na Síria.
Esta medida foi proposta pelo Kuwait e pela Suécia e prevê uma trégua humanitária durante um período de 30 dias. O objetivo passa por conseguir aceder a Ghouta Oriental, onde a oposição síria tem o seu último grande bastião, para retirada de doentes e feridos.
[Notícia atualizada às 20h25]
O texto adotado "exige que todas as partes cessem as hostilidades sem demora pelo menos durante 30 dias consecutivos na Síria para uma pausa humanitária duradoura".
O objetivo, segundo a resolução elaborada pelo Kuwait e pela Suécia, é "permitir a entrega regular de ajuda humanitária, serviços e a retirada de doentes e de feridos mais graves".
"Não é um acordo de paz para a Síria, o texto é puramente humanitário", disse o embaixador da Suécia junto da ONU, Olof Skoog, co-signatário do texto com o seu homólogo do Kuwait.
Nas negociações, os países ocidentais recusaram o pedido de Moscovo para que qualquer coluna de ajuda humanitária tivesse uma autorização prévia por parte de Damasco.
A exclusão do cessar-fogo das zonas em que estão a ser travados combates contra grupos 'jihadistas', como o grupo extremista Estado Islâmico (EI) ou a Al-Qaida, está prevista na resolução.
A pedido da Rússia também estão incluídas as zonas onde estão "outros indivíduos, grupos, entidades e associados da Al-Qaida e ao EI, bem como outros grupos terroristas designados pelo Conselho de Segurança".
Essas exclusões podem dar origem a interpretações contraditórias, uma vez que Damasco qualifica como "terroristas" a oposição rebelde apoiada pelo Ocidente, segundo indicaram observadores citados pela agência noticiosa France Presse (AFP).
Na sequência de um outro pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU irá fazer uma nova reunião dedicada a este dossiê daqui a 15 dias para avaliar como está a ser respeitado o cessar-fogo humanitário.
A Rússia, o principal aliado internacional do regime de Damasco, é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e tem direito de veto.
A par destes aspetos, a resolução aprovada exige "o levantamento imediato das áreas sitiadas, incluindo Ghouta Oriental, Yarmouk, Foua e Kefraya".
Esta trégua humanitária foi pedida em 06 de fevereiro pelas organizações da ONU que estão no terreno, nomeadamente para fornecer ajuda às cerca de 400 mil pessoas que vivem em Ghouta Oriental.
O enclave rebelde está sitiado pelas forças do regime sírio de Bashar al-Assad desde 2013 e enfrenta uma grave crise humanitária, marcada pela escassez de alimentos e de medicamentos.
Desde domingo passado, Ghouta Oriental, o último grande bastião da oposição ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, perto da capital síria, tem sido cenário de intensos bombardeamentos. O número de vítimas mortais civis já ultrapassa as 500.
Na quarta-feira, diante do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a população de Ghouta Oriental "vive o inferno na terra".
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.