Nova Caledónia vai referendar independência da França em novembro
O referendo sobre a independência da Nova Caledónia, território francês no oceano Pacífico, vai realizar-se a4 de novembro, decidiram hoje os eleitos do Congresso, órgão deliberativo do arquipélago após um debate polémico sobre a história da colonização.
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Mundo Pacífico
Após as violentas tensões independentistas dos anos 1980 -- que culminaram com 21 polícias reféns e causaram 21 mortes em 1988 -, Paris e Noumea chegaram a acordo para conceder uma larga autonomia à ilha, ligada aos territórios ultramarinos franceses desde 1853.
Situada cerca de 3.000 quilómetros a leste da Austrália, a frágil economia do arquipélago, dependente das suas exportações de níquel, está a mais de 16.000 quilómetros de Paris.
Em 1998, o acordo de Noumea permitiu acelerar com um processo progressivo de descolonização que prevê um referendo de autodeterminação o mais tardar até novembro de 2018.
Hoje, o Congresso da Nova Caledónia marcou a data para 04 de novembro próximo, numa votação "histórica" que registou 38 votos a favor e 14 contra.
Se a data foi consensual, a exposição dos motivos que acompanharam a deliberação semeou, pelo contrário, acesa discussão entre os congressistas, "desde sempre pródigos em confrontação verbal", refere a agência noticiosa France-Presse (AFP).
"Isto nada tem de glorioso. É mesmo triste quando as coisas ainda descem a um nível tão baixo de discussão", lamentou Louis Mapou, líder da União Nacional para a Independência (UNI).
O texto final está ainda a ser preparado pelos partidos independentistas -- além da UNI há o UC-FLNKS e os nacionalistas -, bem como pelos eleitos do partido Caledónia (direita moderada).
Contrários a esta posição estão os partidos da direita não independentista Republicanos Caledónios, Reagrupamento-LR e Movimento Popular Caledónio, que votaram contra, denunciando o "arrependimento colonial" contigo na exposição.
"O texto que acompanha a deliberação não faz qualquer referência ao orgulho de ser francês. Passou por cima do passado e mostra arrependimento", denunciou Sonia Backés, líder dos Republicanos Caledónios, criticando o "reescrever da História da Nova Caledónia".
Segundo as projeções feitas recentemente na Nova Caledónia, a independência será rejeitada no referendo, embora haja sempre a possibilidade de, tal como acordado com Paris, se realizarem mais duas consultas antes de 2022.
O arquipélago conta com cerca de 270 mil habitantes, divididos pela etnia Kanak (melanésios, 40% do total) e por europeus (27%). Os restantes assumem-se como mestiços e outros autóctones.
Uma eventual independência da França será a primeira desde a do Djibuti (1977) e de Vanuatu (1980), este um antigo condomínio franco-britânico nas Novas Hébridas, vizinhas da Nova Caledónia.
Noutra ilha francesa, a Córsega, os nacionalistas conquistaram o poder em fins de 2017, mas não reivindicam a independência da ilha, defendendo um "verdadeiro estatuto de autonomia", pelo que não está previsto um referendo de autodeterminação.
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