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"Lista Sérvia vai retirar-se do governo e das instituições kosovares"

Os representantes da minoria sérvia do Kosovo anunciaram hoje a sua retirada do Governo de Pristina após a detenção e expulsão, na segunda-feira, de um alto responsável da Sérvia pela polícia albanesa kosovar.

"Lista Sérvia vai retirar-se do governo e das instituições kosovares"
Notícias ao Minuto

14:45 - 27/03/18 por Lusa

Mundo Belgrado

"A Lista Sérvia vai retirar-se do Governo e das instituições kosovares", declarou em Belgrado, Goran Rakic, presidente da formação que mantinha representantes locais sérvios no parlamento e no governo kosovar.

A Lista Sérvia tem quatro ministros no atual Executivo do Kosovo, liderado por Ramush Haradinaj e formado em 2017, e ainda dez deputados no parlamento kosovar.

O seu apoio foi decisivo para permitir a formação do atual Executivo, dominado por ex-dirigentes dos separatistas armados albaneses do UÇK, que promoveram a "guerra de libertação" contra a Sérvia entre 1996 e 1999.

Rakic anunciou ainda que em abril os representantes kosovares vão estabelecer a comunidade de municípios de maioria sérvia do Kosovo, que Pristina tem mantido num impasse, apesar de se ter comprometido a avançar nesse sentido em 2013.

Perante a gravidade da situação, a representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, anunciou que se vai deslocar a Belgrado no final de dia de hoje para manter reuniões com os dirigentes sérvios e evitar o bloqueio do diálogo com o Kosovo.

A intervenção da polícia albanesa kosovar na segunda-feira na cidade de Mitrovica para deter o negociador do Governo da Sérvia para o Kosovo, Marko Djuric, que acabou expulso do território, provocou 32 feridos, informaram hoje fontes médicas locais.

Entre os feridos encontra-se o ministro kosovar da Agricultura, Nenad Rikalo, representante da minoria sérvia no Governo do Kosovo, informou à agência noticiosa Tanjug o diretor do hospital desta cidade do norte do Kosovo, Milan Ivanovic.

"O ministro encontra-se em cuidados intensivos e o seu estado é estável", sofreu feridas no abdómen e foi examinado e observado durante a noite, acrescentou.

Mais de 30 feridos que compareceram no centro clínico apresentavam problemas oftalmológicos e ainda contusões nas extremidades, no tórax, abdómen e cabeça.

As lesões foram provocadas por gás pimenta, e golpes com diversas armas, indicou o médico.

"Entre os feridos há funcionários das instituições kosovares, presidentes de municípios, o ministro da Agricultura. É evidente que foi usada a força bruta contra pessoas que tinham plena legitimidade e legalidade", assinalou.

Marko Djuric foi detido em Mitrovica, onde se concentra uma parte significativa da minoria sérvia do Kosovo, quando participava num debate sobre a questão kosovar.

Djuric, o principal negociador técnico da equipa sérvia no diálogo entre Belgrado e Pristina sob mediação da União Europeia (UE), foi deportado horas depois para a Sérvia.

As autoridades albanesas kosovares alegaram que o detido entrou em território kosovar sem a autorização de Pristina, que não terá sido informada no prazo previsto.

Belgrado denunciou "uma mentira" e garantiu que a visita foi anunciada em várias ocasiões, em conformidade com os acordos existentes.

Belgrado definiu a detenção como uma "brutal provocação", e assinalou que a chegada de unidades armadas a esse local - a cidade de Mitrovica está dividida em duas partes, sérvia e albanesa - constituiu uma violação do acordo de normalização entre a Sérvia e o Kosovo garantido com mediação da UE e uma "ameaça direta à paz e estabilidade".

Os incidentes na cidade dividida de Mitrovica estão desta forma a implicar um aumento das tensões entre Belgrado e Pristina, ainda de consequências imprevisíveis.

Os progressos no difícil diálogo de normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo, mediado pela UE, é a condição essencial para os dois países garantirem uma aproximação à União, apesar de Belgrado já ter iniciado as conversações oficiais de adesão.

Antiga província da Sérvia habitada por uma maioria de albaneses, que professam a religião islâmica, o Kosovo proclamou a independência unilateral em 2008, que Belgrado continua a não reconhecer.

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