Amnistia Internacional denuncia descoberta de vala comum no Mali
A Amnistia Internacional (AI) apelou hoje às autoridades do Mali para esclarecerem sobre execuções extrajudiciais no centro do país, onde na semana passada foram encontrados seis corpos numa vala comum na sequência de uma operação militar.
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Mundo Execuções
Há uma semana, associações malianas da comunidade dos peules e de defesa dos direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch (HRW), exigiram a abertura de um inquérito após a descoberta em Dogo (centro) dos cadáveres de seis pessoais, que alguns dias antes tinham sido detidas pelo exército.
Em comunicado hoje divulgado, a Amnistia indicou ter recolhido testemunhos segundo os quais seis corpos "descobertos numa vala comum em 25 de março eram das pessoas presas três dias antes pelo exército na povoação de Dogo e levadas para destino desconhecido".
"Esta descoberta macabra ocorreu após semanas de uma violência crescente que colocou os civis do centro do Mali entre dois fogos, expostos por um lado aos desaparecimentos forçados e execuções ilegais do exército, e por outro às bombas na berma da estrada e aos sequestros por grupos armados", sublinha a ONG.
Em consequência, a AI "exorta as autoridades malianas a investigar" sobre as exações atribuídas às suas forças e a "fazer comparecer perante a justiça, perante tribunais civis comuns, todos os responsáveis de presumíveis crimes".
Em comunicado, a missão da ONU no Mali (Minusma) exprimiu em 29 de março a sua "viva preocupação" face ao aumento das "violações e abusos graves dos direitos humanos sobre os civis, incluindo os casos de execuções sumárias" no centro do país, onde os grupos 'jihadistas' são particularmente ativos.
A Minusma recenseou desde o início do ano "pelo menos 85 importantes incidentes violentos e confrontos armados que originaram pelo menos 180 vítimas civis, incluindo 15 mulheres e 17 crianças".
A missão internacional manifestou ainda "preocupação pela amplitude das violências intercomunitárias nas regiões do centro, que provocaram pelo menos 50 mortos" nesta região da África ocidental.
"Algumas são atribuídas aos grupos de autodefesa comunitários", sublinha a Minusma, que saúda a visita no final de março do primeiro-ministro Soumeylou Boubeye Maïga e os compromissos do Governo de Bamako em "esclarecer totalmente as violações e abusos graves dos direitos humanos e traduzir perante a justiça os seus autores".
Em 25 de março, em Koro (centro), Maïga assegurou que as milícias "vão ser desarmadas pacificamente ou pela força" e garantiu que o Estado "não negligencia a segurança".
A comunidade peule acusa regularmente as autoridades de tolerarem ou encorajarem as agressões de que são vítimas, e em nome da luta contra o 'jihadismo', uma alegação que tem sido desmentida pelas autoridades do país.
A Amnistia também referiu que 65 pessoas, incluindo crianças, foram mortas por explosivos desde janeiro por grupos 'jihadistas' que atuam nas regiões centrais de Mopti e Segou.
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