Juan deixou a América do Sul para apanhar focas angolanas

O argentino Juan Silveira deixou em 2016 a América do Sul para implementar em Angola a exportação de focas vivas, atividade que os mais de 40 anos de experiência o tornam num dos maiores especialistas na área.

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Lusa
09/04/2018 07:00 ‧ 09/04/2018 por Lusa

Mundo

Angola

 

Tem 57 anos e desde os 13 que Juan é treinador de focas e golfinhos e depois da captura e exportação de focas em vários países da América do Sul, onde até já ajudou a elaborar legislação de proteção, chegou ao extremo sul de Angola no final de 2016.

É no município do Tômbwa, província do Namibe, que faz vida, orientando a atividade de captura e exportação de focas pela empresa angolana Mar Dourado. Em 2017 vendeu, para oceanários e jardins zoológicos de todo o mundo as primeiras 100 focas angolanas, capturadas na Baía dos Tigres, 100 quilómetros para sul.

"O que fazemos é um acompanhamento, porque necessitamos que os animais sejam bem cuidados. Então, quando há algum antecedente, um problema em que muitas vezes os animais morrem, já não vendemos mais. Porque estes animais, se forem bem cuidados, podem viver tranquilamente 20 anos", explica.

As focas angolanas chegam a pesar, adultas, entre os 400 quilogramas (machos) e os 180 quilogramas (fêmeas), tendo apenas uma cria por ano.

Com cada uma a ser vendida para o estrangeiro a 1.200 euros, e já com encomendas de 150 animais para este ano, Juan Silveira sublinha que "para que [o negócio] funcione bem para todos é preciso cuida-las".

"O problema é que é preciso vender muito neste negócio. Por outro lado, se os mesmos [jardins zoológicos] nos compram muitas vezes é porque estão a morrer e não as cuidam, por isso não vamos vender mais", garante.

Fora da lista das exportações que faz, afirma, estão os circos: "Porque lamentavelmente as condições não são as melhores para os animais".

Antes de Angola, já desenvolveu este negócio no Chile, Uruguai e Argentina.

Chega a África porque em Angola é todos os anos autorizada a captura de focas no município da Tômbwa, com o Governo a falar num excesso de população, mais de 30.000 animais, e na sua ameaça para a pesca.

É que cada um destes mamíferos pode chegar a alimentar-se diariamente com oito quilogramas de peixe, polémica que o argentino desvaloriza.

"Em toda a parte do mundo, não é só em Angola, o tema da pesca não está bem regulamentado, não se respeitam as vedas [interdição de pesca], pescam peixe muito pequeno (?) A foca é um ponto muito pequeno, o problema maior é fiscalizar e ensinar os pescadores", diz.

Por norma, as focas podem viver cerca de 20 anos, mas só iniciam a reprodução a partir dos três anos, nas fêmeas, enquanto os machos só depois dos oito. A única cria que nasce todos os anos tem sete meses para aprender a alimentar-se sozinha.

"Têm que aprender a comer, senão morrem. Mas a natureza é sabia e mais de 99% aprende a comer e não morre", garante.

Juan Silveira, que é chamado a formar treinadores de focas e golfinhos em zoológicos e oceanários de todo o mundo, garante que para já vai continuar pelos mares angolanos e até já sonha em criar um parque marinho em Angola.

"Tenho 40 anos de experiência, só não tenho é dinheiro", brinca.

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