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Ataque contra Síria condenado pela Rússia, que segue quase isolada

Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido lançaram hoje mísseis contra alvos militares na Síria, ofensiva imediatamente condenada pela Rússia, que pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, decorrida esta tarde.

Ataque contra Síria condenado pela Rússia, que segue quase isolada
Notícias ao Minuto

22:24 - 14/04/18 por Lusa

Mundo Síntese

Na reunião, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou uma resolução apresentada pela Rússia que condenava os ataques norte-americanos, franceses e britânicos na Síria, ao não garantir os nove votos necessários para a aprovação.

Pouco antes da reunião de emergência, a Rússia distribuiu um projeto de resolução em que pedia à ONU que condenasse a "agressão" armada ocidental contra um Estado soberano que viola, segundo Moscovo, "o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas".

Rússia, China, dois membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) e a Bolívia, membro não permanente, votaram pelo texto, oito países votaram contra e quatro abstiveram-se.

Na reunião, o embaixador da Rússia na ONU afirmou que os ataques ocidentais desta madrugada à Síria foram um "ato de agressão" contra um Estado soberano e acusou os Estados Unidos, o Reino Unido e a França de "hooliganismo diplomático".

A Rússia, um aliado do regime sírio, é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o que lhe confere direito de veto. Os outros quatro membros permanentes são os Estados Unidos, o Reino Unido, França e a China.

A França anunciou em paralelo a apresentação em breve de uma nova resolução para ultrapassar "o impasse sírio".

Entretanto, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que todos os 29 membros da Aliança apoiaram os ataques dos Estados Unidos, Reino Unido e França na Síria, na reunião do Conselho do Atlântico Norte que também se realizou hoje em Bruxelas.

Stoltenberg acusou a Rússia de ter deixado os países ocidentais sem alternativa, com a persistente obstrução das iniciativas tomadas no Conselho de Segurança da ONU.

Na reunião do Conselho do Atlântico Norte, Estados Unidos, Reino Unido e França informaram os aliados de que "a sua ação militar foi limitada às instalações que permitem a produção e emprego de armas químicas" e que a intervenção foi "muito bem sucedida".

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, pediu hoje para ver as provas que Estados Unidos, França e Reino Unido dizem ter do alegado ataque químico contra Douma, que originou os ataques desta madrugada na Síria.

Já o Governo português disse, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, compreender as razões que levaram à intervenção militar e sublinhou que o regime sírio "deve assumir plenamente as suas responsabilidades".

Num comunicado divulgado hoje, o gabinete de Augusto Santos Silva considerou "inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar" e lembrou que os bombardeamentos, dirigidos apenas à capacidade de armamento químico da Síria, foram feitos por "três países amigos e aliados de Portugal".

Também o Presidente da República reagiu, esta manhã, ao ataque feito por "três amigos e aliados" e à compreensão manifestada pelo Governo português, afirmando que só a vontade de construir a paz permitirá caminhos de futuro.

Marcelo Rebelo de Sousa, que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas, lembrou que o ataque foi limitado "a estruturas de produção e distribuição de armas estritamente proibidas pelo direito internacional e cujo uso é intolerável e condenável".

O PCP e o Bloco de Esquerda condenaram a ofensiva à Síria, com Jerónimo de Sousa a defender que Portugal se "demarque" dos ataques e Catarina Martins a comparar a investida à "guerra da mentira do Iraque", apelando à comunidade internacional para condenar a ação.

A ofensiva lançada esta madrugada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.

A ação militar foi uma retaliação ao alegado ataque com armas químicas lançado pelo Governo de Bashar al-Assad no dia 07 de abril, na cidade rebelde de Douma, em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, onde morreram pelo menos 40 pessoas.

O presidente francês, Emmanuel Macron, tinha avisado na quinta-feira, numa entrevista à televisão nacional francesa, ter provas de que o regime sírio usou armas químicas no ataque a Douma e afirmou que isso constitui uma violação de uma "linha vermelha" que podia levar a ataques ocidentais.

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